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  • Foto do escritorIgor Biagioni Rodrigues

Crítica: Andor (2022)- episódios 1 a 3

Não prometeu nada e entregou tudo!

Por Igor Biagioni Rodrigues


(Pôster da série "Andor" divulgado pela Disney- a reprodução da imagem acima não possui fins lucrativos).


Contém spoilers.


Andor é uma série criada por Tony Gilroy para o Disney+. A produção é um prequel para Rogue One, seguindo o personagem Cassian Andor (Diego Luna) cinco anos antes da Batalha de Yavin. A série foi divulgada junto com outras em um painel de Star Wars algum tempo atrás. Confesso que não me interessei muito, mas ao conferir esses episódios iniciais... só posso dizer que foi uma grata surpresa.

Parte importante da trama já é apresentada logo no início: Cassian está em um planeta chamado Morlana One procurando por sua irmã. Ao entrar em um bar ele se depara com seguranças (funcionários de uma grande corporação industrial) que demonstrando um abuso de seu poder, decidem ir atrás de Andor com a intenção de conseguirem alguns créditos do rapaz. A confusão acaba resultando na morte desses dois seguranças, algo que viria causar mais problemas na vida do protagonista.


É interessante ressaltar que o roteiro não tenta, e nem quer, criar uma imagem "Disneyficada" (permitam-me utilizar tal neologismo) de seu personagem principal, logo no começo Cassian acaba matando duas pessoas (militares abusadores? Sim, mas pessoas). Justamente nessa cena acontece uma jogada muito interessante na iluminação da série. Star Wars trabalha muito bem o uso de cores e luz ao longo de sua franquia, principalmente através do uso das luzes vermelhas e azuis. Nesses primeiros episódios, Morlana One nos é apresentado em uma noite chuvosa, trazendo uma ambientação melancólica junto de uma fotografia azulada e escura. Voltando a falar da cena em que Andor mata os seguranças, no momento do tiro à queima roupa, o lazer faz com que a iluminação do rosto de Cassian fique vermelha e depois volte a ficar azul como o resto do planeta, nos levando a entender que ele é um personagem ambíguo (como vemos em Rogue One), e que transitará em caminhos cinzas e nada maniqueístas.


(Cena do primeiro episódio de "Andor"- a reprodução da imagem acima não possui fins lucrativos).


Lançar os três episódios de uma vez foi uma sacada genial, eles funcionam como um ótimo arco que poderia vir a ser criticado por sua lentidão se os episódios tivessem saído de forma separada. O primeiro episódio já nos traz a ambientação que a série deverá seguir: com um tom mais dramático e adulto. O segundo começa a utilizar de uma excelente dupla narrativa de origem, ao nos mostrar flashbacks de Kassa em Kenari e o presente de Cassian. Já o terceiro nos leva ao clímax do conflito e início de uma nova jornada na vida do protagonista.


Voltando a falar das questões técnicas da produção, o uso da iluminação é genial (não só para demonstrar lados dos personagens como já citado) mas na ambientação. A fotografia dos flashbacks é mais clara, refletindo a pureza e os bons momentos do passado, já os acontecimentos no presente da série são mais escuros, mostrando a época tenebrosa e fria pela qual a galáxia e Andor estão passando. A trilha sonora da série está menos aparente do que costuma ser nas produções de Star Wars, e é justamente aí que está seu brilho, ela serve de ambientação, ela funciona para nos colocar no clima do que está acontecendo, seja uma viagem em Ferrix, uma luta ou um momento mais dramático. Vale ressaltar o uso de locações em lugares reais, fazendo os cenários serem absurdamente lindos, e isso sempre fez um bem enorme para Star Wars.


Falando em Ferrix, é lá que um dos momentos mais incríveis e maduros de Star Wars acontece. Ferrix é um planeta explorado pela já citada Corporação que tem como função o trabalho voltado a catação de sucata e construção com ferro. É um lugar que serve meramente para trabalho, mas isso não impede que os moradores de lá sejam extremamente unidos. Sim, eles possuem consciência de classe ( mas pode política em Star Wars??? -contém ironia), e justamente por saberem de sua posição perante o Estado e as forças opressoras de uma Corporação empresarial ligada à um Império fascista, que protegem os seus.

Cassian está sendo perseguido pelos corps (assim chamados os integrantes dessa empresa) por ter matado alguns de seus funcionários (ou é essa a desculpa utilizada por Syril Karn, interpretado por Kyle Soller, para contrariar a ordem de seu superior e ir atrás de um homem que foi contra o sistema por ele defendido). Aliás, a sátira que a série faz através dos personagens da corporação é genial, mostram um líder totalmente regrado que não consegue comandar seus subordinados e outro corpulento com uma voz engraçada, mostrando o quanto esse sistema fascista é tosco, porém perigoso se você ignorá-lo ( Desde quando tem política em Star Wars??).


Uma traição faz os Corps irem até Ferrix, entrarem na casa de Maarva (Fiona Shaw) e quebrarem tudo. Sendo uma analogia para a invasão opressora que um sistema político como esse faz com aqueles que não o apoiam. Vendo isso acontecer, os trabalhadores de Ferrix se revoltam e começam a baterem os ferros (material que trabalham) gerando um som, que seria um sinal para Cassian e um sinal de insurreição contra aqueles opressores, que ignoram as batidas achando que são simplesmente para gerar medo. Nisso, a trilha sonora é substituída pelo som da colisão dos ferros, e Maarva faz um discurso extremamente poético sobre o significado de tal barulho: um acerto de contas.


Em suma, Andor se apresentou, pelo menos nesses três episódios iniciais, com três coisas que Star Wars necessitava a muito tempo: maturidade, dramaticidade e uma história mais pé no chão.


Para quem só se importa com números:

Nota- 9/10


Ficha técnica:

Título original: Andor.

Direção: Toby Haynes

Classificação: 14 anos.

País de origem: Estados Unidos.

Duração:41min. (1X01), 37 min. (1X02), 42 min. (1X03)


Elenco:

Diego Luna como Cassian Andor.

Stellan Skarsgård como Luthen Rael.

Kyle Soller como Syril Karn.

Fiona Shaw como Maarva.

Adria Arjona como Bix Caleen.


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