Os mangás possuem uma grande diversidade temática, assim são divididos em diversos gêneros voltados para um público específico. Bora conhecer os principais deles?
Por: Iuri Biagioni Rodrigues
Quando falamos da história dos mangás (aqui e aqui), vimos que eles possuem uma grande diversidade temas e estilos, deste modo são agrupados em diferentes gêneros voltados para públicos específicos, ou seja, temos uma grande segmentação de mercado.
Os mangás têm uma grande distribuição social, então são produzidos visando satisfazer um grupo de pessoas de acordo com idade, gênero e classe social desse grupo. Sem mais delongas, vamos ver quais são os principais gêneros/estilos de mangás!
1- Shonen: os mangás desse estilo são voltados meninos adolescentes. Esse é o gênero mais popular dentro e fora do Japão. Entre suas características principais temos ação, lutas, humor, histórias sobre amizade, esforço/superação e conquista. Além disso, é comum encontrar subtemas como ficção científica, fantasia, policial, magia e esportes.
Exemplos: Dragon Ball de Akira Toriyama, Dragon Ball Super de Akira Toriyama e Toyotaro, One Piece de Eiichiro Oda, Cavaleiros do Zodíaco de Masami Kurumada, Naruto de Masashi Kishimoto, Boku no Hero Academia de Kōhei Horikoshi, Fullmetal Alchemist de Hiromu Arakawa, Demon Slayer de Koyoharu Gotouge, Yu Yu Hakusho de Yoshihiro Togashi, Death Note de Tsugumi Ohba e Takeshi Obata, Shingeki no Kyojin de Hajime Isayama, Super Campeões de Yoichi Takahashi entre outros.
2- Seinen: este estilo é uma versão ampliada do Shonem, deste modo, é voltado, principalmente, para jovens adultos. Aqui, os temas são mais sombrios, há menos humor, tem mais violência, muito sangue, presença de cenas de relações sexuais e horror psicológico. Além disso, o traço é mais realista.
Exemplos: Berserk de Kentaro Miura, Jojo’s Bizarre Adventure (atualmente) de Hirohiko Araki, Ghost in the Shell de Misasume Shirow, Baccano! de Ryohgo Narita e Katsumi Enami, Devilman de Go Nagai, Akira de Katsuhiro Otomo, Planetes de Makoto Yukimura, Vinland Saga de Makoto Yukimura, One-Punch Man de ONE (webcomic) e Yusuke Murata (mangá físico) entre outros.
3- Shojo: esse estilo é voltado para meninas adolescentes. É o segundo maior gênero de mangá no Japão e fora dele. O estilo das histórias e o estilo do traço pode variar bastante, mas de um modo geral, temos histórias dramáticas, romances, conflitos conjugais e psicológicos no ambiente escolar e na família como algumas características principais. As personagens femininas são educadas, simpáticas, amáveis e inseguras.
Exemplos: Sailor Moon de Naoko Tekeuchi, Glass no Shiro de Masako Watanabe, Kaichou Wa Maid-Sama! de Hiro Fujiwara, Kamisama Hajimemashita de Julietta Suzuki, Fruits Basket de Natsuki Takaya, Sakura Card Captors do grupo CLAMP (grupo de artistas sob liderança de Nanase Ohkawa), Magic Knight Rayearth do grupo CLAMP, A Rosa de Versalhes de Riyoko Ikeda, Kimi ni Todoke de Karuho Shiina entre outros
4- Josei: Esse estilo é voltado para mulheres adultas. Os temas mais comuns são questões associadas à vida doméstica, cuidados com filhos e cônjuges (estereótipos de gênero), trabalho, presença de temas como violência e depressão. Aqui, as histórias são mais sérias, menos românticas e podem ter foco em atividades sexuais, mas sem sexo explícito.
Exemplos: Happy Mania de Moyoko Anno, Suppli de Mari Okazaki, Karneval de Toya Mikanagi, Gokusen de Morimoto Kozueko, Paradise Kiss de Ai Yazawa, Honey and Clover de Chica Umino, A Voz do Silêncio de Yoshitoki Ōima, entre outros.
5- Kodomo: Esse tipo de mangá é voltado para as crianças (kodomo significa criança). As principais características desse estilo são: muito humor e trama simples. O traço, enquadramentos e angulações também são mais simples. Entre os principais temas de Mangá Kodomo, destacam-se histórias de lições pedagógicas e moralizantes e personagens acompanhadas por animais companheiros.
Exemplos: Anpanman de Takashi Yanase, Hamtaro de Ritsuko Kawai, Doraemom de ujiko F. Fujio, Pokémon de Satoshi Tajiri, entre outros.
6- Hentai: Esses mangás são voltados para conteúdos eróticos e pornográficos (a palavra hentai significa pervertido). Os mangás desse estilo não possuem tramas complexas, pois as histórias têm a finalidade de mostrar cenas de encontros sexuais, sexo explícito e várias situações que envolvem o desejo sexual. Na maioria dos casos, vemos que arte dessas produções valoriza a exposição dos corpos femininos e uso de enquadramentos mais abertos.
Exemplos: Power Play de Yamatogawa, Twin Milf de Youtoku Tatsunami, Take On Me de Takemura Sessyu, Chōjin Densetsu Urotsukidōji (A lenda do Demônio) de Toshio Maeda, entre outros.
7- Yaoi: É uma subdivisão dos mangás Shojo. Estas produções são histórias voltadas para romances entre personagens homossexuais masculinos feitas para o público feminino (também alcançam o público gay masculino). Além disso, podem trazer humor, drama e aventura. Geralmente, são produzidos por mulheres. É comum que o Yaoi seja confundido com a expressão Boy´s Lover (BL) que é um subgênero mais erótico que, normalmente, é feito por mulheres para "meninas que gostam de meninos que gostam de meninos" (segundo Amaro Braga)
Exemplos: Gravitation de Maki Murakami e Loveless de Yun Kouga
8- Shonen-Ai: Mangás sobre romances homossexuais entre homens voltados para o público masculino.
9- Yuri: quadrinhos japoneses voltados para o público masculino que apresentam relações lésbicas como destaque. Podem ser histórias de humor, drama ou aventura.
Exemplos: Citrus de Saburouta e YuruYuri de Namori
10- Shojo-Ai: esses mangás são feitos para meninas e tem como característica os romances lésbicos e tramas de aventura.
11- Harem: Esses mangás têm como personagem principal um menino (mais comum) ou menina que vive rodeado ou rodeada por pessoas do sexo oposto que competem pela atenção da protagonista ou do protagonista. Geralmente, são comédias românticas.
Exemplos: Absolute Duo de Takumi Hiiragiboshi e Yū Asaba, Love Hina de Ken Akamatsu, Boys Over Flowers de Yōko Kamio.
Obs: Aqui, no Ocidente, o termo Echhi é considerado como gênero/estilo de mangá, mas, na verdade, esse termo refere-se a histórias que fazem insinuações de situações eróticas sem ter sexo explícito. Aqui, vemos nudez, vestimentas curtas, roupas íntimas aparecendo e conversas com comentários ou piadas de duplo sentido. Podemos pensar no Ecchi como um tipo fan service com conotação sexual. Bons exemplos são os mangás R-18 Love Report! de Emiko Sugi que é um Shojo com elementos Ecchi e Freezing de Dall-Young Lim e Kwang-Hyun Kim que é um Seinem.
Obs 2: um mangá pode se encaixar em mais de um desses gêneros/estilos. O Mangá Negima Magister Negi Magi de Ken Akamatsu, por exemplo, tem elementos de Shonen e Harem.
Há ainda os estilos alternativos como o Gekigá e o Heta-Uma. Vejamos mais sobre eles:
12- Gekiga: surgiu com o objetivo de tratar os quadrinhos japoneses com maior seriedade. O termo passou a ser usado como distinção ao mangá (associado ao público infantojuvenil). Assim, o Gekigá é caracterizado por temas mais adultos , traço extremamente realista e preocupação estética de produzir um desenho arte.
Exemplos: Lobo Solitário de Kazuo Koike e Goseki Kojima, Golgo 13 de Takao Saito, O Preço da Desonra de Hiroshi Hirata, Recado a Adolf de Ozamu Tezuka
13- Heta-Uma: O termo pode ser traduzido como bom-mau e aproxima-se da ideia de "ruim, mas bom" e ficou intimamente associado às produções publicadas por artistas como Abe Shinichi, Suzuki Ōji, Yoshikazu Ebisu, na Garo e Takashi Nemoto na revista de quadrinhos underground do Japão, que fez sucesso nos anos 1980 e 1990. Esses mangás eram mal desenhados se comparados aos mangás do mainstream, traziam histórias toscas e com temas infantis e vulgares.
Exemplos: Untitled (Mr. George) de Teruhiko Yumura (King Terry), , Penguin Rice de Ebisu Yoshikazu e The Box Man de Imiri Sakabashira.
Obs 3: Existem ainda diversos subgêneros como Spokon Manga (mangás de esporte), Jidaimono (mangás voltados para temas históricos), Saliriman Manga (mangás com temática de trabalho), Konjo Manga (mangás sobre hobbies), Magical Girl (mangás de fantasia com meninas com poderes ou objetos mágicos), Mecha Manga (mangás de fantasia/ficção científica com robôs), entre vários outros. Detalhe eles podem se misturar! Em Guerreiras Mágicas de Rayearth do grupo CLAMP, inicialmente, temos um mangá do estilo Shojo com o subgênero Magical Girl e , do meio para frente, temos um Mecha. O limite é a criatividade de cada Mangaká.
Texto produzido com base nas pesquisas de Amaro Xavier Braga Júnior, especialmente em Histórias Em Quadrinhos Japonesas: História, Estética E Impactos Sociais (EST, 2020), site da editora JBC e no site da Japan House London.
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