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Foto do escritorIgor Biagioni Rodrigues

Crítica: Andor (2022)- episódio 4

Atualizado: 13 de abr.

Quem disse que Star Wars vive só de ação e efeitos especiais?

Por Igor Biagioni Rodrigues


(Cena do 4° episódio de Andor- Disney+- A reprodução da imagem acima não possui fins lucrativos)


Contém spoilers.


Vamos tirar o elefante da sala: Andor possui uma narrativa mais lenta, e talvez receba algumas críticas negativas por isso, mas eu não vejo essa "lentidão" de uma forma ruim, uma vez que usa tal vagareza como um artifício para conduzir essa narrativa. O quarto episódio da produção não possui nenhuma grande cena de ação, ou melhor, não possui cena de ação. Ou seja, esse capítulo foca em avançar a trama que começou nos episódios anteriores, gerar novos conflitos e de quebra, expandir ainda mais esse universo.


Star Wars tem passado por uma saturação de histórias muito repetitivas e sempre focadas na família mais importante da história da galáxia, a família Skywalker. É impressionante como a Disney tem explorado muito e desgastado as tramas referentes a esses personagens, inserindo-os até mesmo em séries que inicialmente fugiam disso, como Mandalorian. Andor, pelo menos por enquanto, vem seguindo o que Rogue One fez: utilizar desse universo que tanto conhecemos para nos mostrar coisas que não estamos acostumados, e isso meu amigo, é o ouro de Tony Gilroy e todos envolvidos na produção tanto de Rogue One, como da série em questão.


O episódio se inicia com Luthen (Stellan Skarsgård) convencendo Cassian (Diego Luna) a fazer parte mais ativamente de algo maior e mais importante. Andor, então questiona o quê Luthen denominaria "mais importante" do que aquilo que ele faz (pequenos roubos do Império aqui e ali, tentando apenas sobreviver). Luthen então diz que conhece Cassian, e fazer o que ele faz atualmente, não tem impacto nenhum, e que valeria muito mais lutar a verdadeira luta, fazer coisas grandes contra essa opressão do Império e morrer por essa causa (uma clara alusão ao destino do personagem em Rogue One). Não conseguindo convencer Andor por completo, Luthen apela ao dinheiro para fazê-lo e não só isso, ele entrega para Cassian, um cristal (um cristal kyber), isso simboliza a presença da Força na série, não da maneira que costumeiramente a vemos, sendo usada em combate, mas sim na questão da fé, na questão de seu misticismo. Uma ótima forma de nos mostrar que a série está sim no universo que conhecemos, mas de forma que raramente é mostrada nas produções fora material do universo expandido de Star Wars.


O episódio se desenrola em várias tramas: Andor com os rebeldes e seus planos de roubar os pagamentos imperiais de todo um setor, Mom Momtha (Genevieve O'Reilly) e sua luta escondida contra o sistema imperial, Luthen e suas diversas formas de combate contra esse mesmo Império e Dedra (Denise Gough) e seu esforço na tentativa de ascender na sua carreira.


Paralelos baseados em um quesito podem ser traçados ao compararmos cada uma dessas tramas. Tal quesito é a desconfiança. Desconfiança dos rebeldes de Aldhani para com Andor, desconfiança de Luthen (Aliás, ótima atuação de Stellan Skarsgård ao mudar de um rebelde para um vendedor de relíquias) e Mom Mothma em relação a muitos fora de seus esquemas anti-imperiais e desconfiança presente entre membros do Império em relação a Dedra e seu trabalho.


Muito importante ressaltar que a missão dos rebeldes é novamente uma guerrilha. “Guerrilha” é uma expressão originada no século XIX e, desde então é usada para descrever fenômenos de resistência armada em situações políticas e históricas. Tal forma de conflito ocorreu na Guerra do Vietnã, na Revolução Cubana etc. Normalmente esse combate se dá entre forças militarmente desiguais, então os rebeldes tem como objetivo desestruturar os opressores através de pequenas vitórias e atos que vão desmoralizando o inimigo. Valle ressaltar que guerrilhas foram/são uma forte forma de combate a sistemas ditatoriais. (Ainda bem que Star Wars não tem nada relacionado a política, não é mesmo?).


Sobre questões técnicas vale destacar a diferença de figurinos entre os rebeldes (roupas suja, acabadas e escuras) e os imperiais (roupas limpas, arrumadas e claras), subvertendo o uso das cores claras e escuras em relação ao mal e o bem, e demonstrando a organização do Império e a inicial desorganização da Rebelião. Além disso, a fotografia continua belíssima ao explorar as locações em cenários reais e ao utilizar de cores frias para passar a ambientação melancólica dessa época pela qual a galáxia e a série passam, Sussana White entrega um ótimo trabalho e nos mantém nesse clima diferenciado e belo de Star Wars.


Andor nos trás um quarto episódio excelente! Expande a lore de Star Wars e é consistente em sua narrativa, não precisando de cenas de ação ou efeitos especiais exagerados para nos prender na história.


Para quem só se importa com números:

Nota- 9/10


Ficha técnica:

Título original: Andor.

Direção: Sussana White.

Roteiro: Dan Gilroy.

Classificação: 14 anos.

País de origem: Estados Unidos.

Duração: 49 min.


Elenco:

Diego Luna como Cassian Andor.

Stellan Skarsgård como Luthen Rael.

Kyle Soller como Syril Karn.

Genevieve O’Reilly como Mom Mothma.

Denise Gough como Dedra Meero.





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