O segundo arco de aventuras do Astronauta
Por: Iuri Biagioni Rodrigues
Astronauta Singularidade é a continuação da saga de Aventuras do Astronauta produzida por Danilo Beyruth (roteiro e desenhos) e Cris Peter (cores). A HQ foi lançada no ano de 2014.
Singularidade começa logo após o final de Magnetar. Assim, no final do primeiro volume vemos que o protagonista foi resgatado de seu "naufrágio" espacial por uma nave de uma nação aliada. Agora, vemos a retribuição do favor, pois Astronauta é enviado junto do Major, um estrangeiro do país aliado que salvou Astro, e da Doutora, uma psicóloga com treinamento espacial. Eles devem investigar um buraco negro.
Na missão, os personagens acabam encontrando um misterioso octaedro que está cheio de tecnologia alienígena e a trama vai girar em torno do que fazer com esse artefato.
A principal característica que vemos do Astronauta nesse volume é a obstinação que pode ser notada na sua dedicação ao trabalho de explorador espacial e no seu amor perdido com Ritinha. Essa característica sempre esteve presente no personagem criado por Maurício de Sousa. (O próprio Maurício destaca isso no prefácio da edição).
A história começa com o Astronauta passando por avaliação psicológica com a Doutora. A relação dos dois é bem trabalha pelo roteiro de Beyruth, uma vez que o personagem principal é bem resistente ao trabalho da psicóloga e ela tenta compreender melhor o paciente. Isso gera bons diálogos entre os dois.
Depois, Astro recebe, do Chefe da BRASA (Brasileiros Astronautas), a notícia de que irá fazer uma viagem com mais dois tripulantes e não gosta nem um pouco disso, mas acaba aceitando. Antes de partir para o espaço, o trio passa por um treinamento.
Como dito anteriormente, o foco da narrativa é o que fazer com o octaedro que os personagens encontram. Deste modo, vemos que o Major quer levá-lo para Terra e que o Astronauta quer levar apenas o extraterrestre morto que acharam dentro da estrutura. Essa diferença de posicionamento, irá levar os dois a um conflito. Lembrando que Astro já desconfiava do Major desde o começo.
A sequência de luta entre Astronauta e o Major é bem divertida e muito bem desenhada. Os personagens se enfrentam usando armaduras hi-tech. A diagramação das páginas torna a leitura bem dinâmica, os desenhos de Danilo Beyruth são ótimos e cheios de movimento e as cores de Cris Peter reforçam as expressões dos personagens e ajudam a deixar as cenas de ação mais vivas.
Enfim, o trabalho de arte é sensacional. Vemos belos cenários, detalhamento nos espaços e artefatos, quadros bem detalhados, quadros simples, explosões, nuances nos rostos dos personagens e temos ótimas cores.
Bem, esse é o problema de Singularidade: a história tem muita ação e um excelente trabalho de arte, mas pouca inspiração no roteiro. O quadrinho não tem a mesma inteligência, profundidade, suspense e introspecção que vemos em Magnetar. Outra coisa que me desagradou foi a tensão/atração sexual existente entre Astro e a Doutora, pois não é algo que contribui para a narrativa e seria melhor se fosse abordada deixando uma dúvida nos leitores, aos invés de deixá-la explícita. Isso não quer dizer que o quadrinho seja ruim, pelo contrário, a história é boa e eu gostei.Porém, esperava mais de Danilo Beyruth, pois ele é um ótimo quadrinista.
Apesar dos deslizes e de ter uma arte superior ao roteiro, Astronauta Singularidade é uma boa história de ficção científica e é bem divertida e gostosa de ler, porque os pontos positivos são maiores que os negativos.
Para quem só se importa com números:
Nota: 6/10
Prêmios vencidos por Astronauta Singularidade:
HQ Mix (2015): Melhor Publicação de aventura / terror / ficção
Dados da HQ:
Roteiro: Danilo Beyruth
Arte:Danilo Beyruth
Cores: Cris Peter
Editor: Sidney Gusman
Editora: Panini
Ano de Lançamento: 2014
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