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Crítica | Avatar: O Caminho da Água (2022)

Atualizado: 23 de mai. de 2023

O brilhantismo visual que sobrepõe a narrativa... de novo?

Por Igor Biagioni Rodrigues.


Contém Spoilers!!!


Treze anos depois do primeiro filme, "Avatar: O Caminho da Água" chega aos cinemas com uma narrativa que repete a estrutura do longa anterior, mas entrega uma das mais belas experiências cinematográficas em relação aos blockbusters da última década com uma excelente qualidade visual.


James Cameron passou mais de uma década trabalhando nas continuações de "Avatar", muito por causa da espera pelo aprimoramento da tecnologia de captura de performance para que, além de deixar os Na´vi ainda mais fotorrealistas, ela pudesse ser utilizada na água. Cameron provou-se um dedicado cineasta ao levar todo esse tempo para enriquecer uma franquia de sua filmografia, enquanto poderia ter trabalhado em mais ou menos uns três filmes nesse meio tempo que se dedicou exclusivamente à sequência da película dos habitantes de Pandora.



Valeu a pena tamanha espera? Olha, a resposta é um pouco complexa, porém é positiva. O diretor consegue entregar para o público um deleite visual gigantesco. A fauna e flora subaquáticas, as cabanas, figurinos e pinturas corporais das tribos são de um desbunde estético. Cameron quase não utiliza de cenas noturnas para camuflar a qualidade do CGI, mostrando às claras que todo trabalho de computação gráfica do filme não possui erros. Você não perde a imersão no filme durante as mais de três horas de duração, mesmo com as transições do uso de cenas em 48 FPS e 24 FPS (frames por segundo, explicamos mais sobre isso na crítica de Homem-Aranha no Aranhaverso).


Mas eu devo assistir em 3D? Bom, confesso que eu não sou fã de ver filmes em 3D, mas no caso em questão... Vale muito a pena. O longa foi gravado em estereoscopia,técnica utilizada para obter informações tridimensionais através de imagens obtidas em pontos distintos, diferentemente da maioria dos filmes que surfaram na onda do 3D criada por Avatar, que apenas passam por um tratamento depois que o longa foi gravado para que ele seja exibido em 3D, com a simples função de lucrar. Outro aspecto que diferencia "O Caminho da Água" desse tipo de 3D que infelizmente se tornou comum, é que nele, o 3D não deixa o filme mais escuro, já que suas cenas são claras. Assim, aqui, essa técnica vai além da tridimensionalidade básica, ajudando diretamente na imersão.


James Cameron é um explorador oceânico e nesse filme ele nos mostra de forma belíssima a fauna e flora do mar de Pandora. Ressalto novamente o 3D, que nos faz sentir como se estivéssemos realmente no mar com os personagens e com água até o pescoço.



Destaco bastante toda questão visual da película, porque ela é o ponto mais forte do filme. Como falei no início dessa crítica, a história repete a estrutura narrativa do primeiro Avatar. Anos após a união das tribos da floresta, Jake e Neytiri possuem uma família composta por quatro filhos e vivem nas florestas de Pandora. Até que os humanos voltam para a Lua do planeta Polifemo, e, junto deles, o clone do Coronel Quaritch, que montou uma equipe para se infiltrar em Pandora e se vingar de Jake e Neytiri. Apesar da questão colonialista existir (o fato dos humanos não quererem mais explorar os minérios de Pandora, e, sim transformar o lugar em seu novo lar "apaziguando os nativos"), a principal configuração do roteiro do filme, é a temática ecológica e emocional.


O longa peca na sua montagem, com transições abruptas e com amarras fracas. Fazendo com que as cenas separadamente sejam incríveis, mas que se percam no conjunto da obra. Isso sem falar que com três horas e doze minutos de duração, alguns personagens poderiam ter sido melhor desenvolvidos para que nos importássemos mais com eles.


Outro aspecto negativo é que o filme conta com momentos previsíveis. Por exemplo: introduz quatro filhos, excluindo Tuk que é a mais nova, desenvolve mais Lo'ak e Kiri, era claro que matariam Neteyam para trazer um peso maior para a terceira parte do filme e um possível tom mais melancólico para a continuação. E, para desenvolverem mais Pandora, seu povo e sua filosofia (no caso, o Caminho da Água) fazem os Sully fugirem de Quaritch e procurarem abrigo com o Povo do Recife.


Entretanto, o foco de "Avatar: O Caminho da Água" não é possuir uma narrativa complexa, mas sim em explorar Pandora. Durante mais da metade do filme podemos nos deslumbrar vendo ainda mais das florestas e conhecendo a bela Metkayina, seus moradores e suas águas. Todo trabalho na fotografia, mixagem de som, direção de arte e design dos personagens é deslumbrante. Tudo é muito bonito e bem trabalhado, desde o formato mais aquático dos Na´vi, do Povo do Recife até os mais pequenos peixes do mar.



As pessoas têm se prendido muito no pensamento de que se um filme divertiu ele é bom, ou no seu extremo oposto, querendo uma maior complexidade em tudo e não aceitando um básico bem feito e Isso pode afetar a experiência com qualquer blockbuster. Muito disso se deve aos blockbusters recentes de Super-heróis que vem cada vez mais dividindo o público. É fato que "Avatar: O Caminho da Água" não possui um roteiro inovador, mas ele entrega o longa de âmbito subaquático mais bonito e bem feito da História do Cinema.


Para quem só se importa com números:

Nota-8/10.


Ficha técnica:

Título original: Avatar: The Way of Water.

País de origem: Estados Unidos.

Roteiro: James Cameron, Rick Jaffa, Amanda Silver.

Direção: James Cameron.

Classificação: 14 anos.

Duração; 192 minutos.


Elenco:

Sam Worthington como Jake Sully.

Zoe Saldana como Neytiri.

Sigourney Weaver como Kiri e Dra. Grace Augustine.

Stephen Lang como Coronel Miles Quaritch.

Kate Winslet como Ronal.

Cliff Curtis como Tonowari.

Joel David Moore como Dr. Norm Spellman.

Edie Falco como General Frances Ardmore.

CCH Pounder como Mo'at.

Brendan Cowell como Capitão Mick Scoresby.

Jemaine Clement como Dr. Ian Garvin.

Jamie Flatters como Neteyam.

Britain Dalton como Lo'ak.

Trinity Jo-Li Bliss como Tuktirey.

Jack Champion como Miles "Spider" Socorro.

Bailey Bass como Tsireya.

Filip Geljo como Aonung.

Duane Evans Jr como Rotxo.




43 visualizações1 comentário

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1 comentário


danbrodrigues
06 de jan. de 2023

Mais uma vez a crítica do autor nos faz refletir sobre aquilo que vemos na grande tela, trazendo uma reflexão sobre a história proposta pelo filme e uma possível análise do mesmo para o nosso cotidiano.

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