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  • Foto do escritorIgor Biagioni Rodrigues

Crítica e Análise | Top Gun: Maverick (2022)

Atualizado: 23 de mai. de 2023

Maverick...You took my breath away!

Por Igor Biagioni Rodrigues.


36 anos depois do longa original, é lançado "Top Gun: Maverick". Uma continuação de um filme que demora mais de três décadas para ir para as telonas só poderia ser uma maneira de um estúdio apelar para a nostalgia para ganhar dinheiro, algo que vem acontecendo com extrema frequência em Hollywood. Apesar de "Top Gun: Maverick" ser muito carregado pela nostalgia, ele foi feito com tanta dedicação que tem um impacto enorme na forma de se fazer filmes blockbusters ("arrasa quarteirões" - de grande sucesso popular e bilheteria).


"Top Gun: Maverick" se passa mais de trinta anos após "Top Gun: Asas Indomáveis" e mostra que Pete "Maverick" Mitchell continua sendo um Capitão da Marinha estadunidense que agora será responsável por ensinar novos pilotos e provar que o fator humano ainda é crucial nesse mundo tecnológico.


O longa é surpreendente. E, aqui, quero destrinchá-lo nas seguintes partes: Som, Edição, Roteiro, Tom Cruise, Atores, Como "Top Gun: Maverick" renova os blockbusters e a metalinguagem.


O Som:


O Som possui um papel importantíssimo em um filme. Ele ajuda na criação e ambientação das histórias, dá voz às imagens e transforma a experiência cinematográfica em algo mais vivo. Na produção de um longa existem três etapas: Captação, Edição e Mixagem. A Captação é a gravação do som no set de filmagens. Na Edição são adicionados sons complementares e a música, por exemplo. Tudo isso feito em consonância com a edição da imagem. Já a Mixagem é responsável pela harmonia disso, ou seja, nesta etapa ocorre o equilíbrio: o que vai ser escutado em primeiro plano, os efeitos como eco, reverb (som de vários reflexos decadentes que saltam do som inicial), aumento e diminuição. Tudo isso é feito para que seja criado uma identidade sonora do filme.


Dito tudo isso, a parte sonora de "Top Gun: Maverick" é sensacional. Sua mixagem somada a trilha sonora composta por Hans Zimmer e Lady Gaga são de extrema importância para imersão no filme. (Por mais que "Hold My Hand" não seja tão emblemática como "Take My Breath Away" ela tem sua relevância para a trama).


Link da música: https://www.youtube.com/watch?v=Yx3K3g4CtoQ


A Edição:


De forma simplificada, a edição nada mais é do que a escolha e montagem dos sequenciamentos de cena. Em um filme cujas cenas de ação são voos de caças militares extremamente velozes, o trabalho foi muito difícil e entregou um resultado excelente, fazendo com que as cenas de ação nos deem a noção de espacialidade, velocidade e perigo das situações. Foram mais de 800 horas de gravação de cenas para montar os trechos de voos (treinos e combates)! E não pense que a edição é coerente apenas nessas cenas, a equipe de edição faz um ótimo trabalho também entre os diálogos e as cenas mais emotivas. Fica aqui a sugestão da entrevista do Gaveta com o editor do filme, Eddie Hamilton.



Tom Cruise é o cara!


O Roteiro:


Seu roteiro passa longe de ser brilhante, uma vez que o foco principal do filme é a ação. Entretanto, ele funciona (e bem) como uma forma de sustentar a história do longa. Mesmo de forma básica, é eficiente ao construir a história e os personagens que permeiam esse filme de tirar o fôlego.




Tom Cruise:


Cruise é Considerado por muitos como o último nome da grande era de Hollywood. É inegável que o super ator fez seu nome na indústria. Mas ele é mais do que um rosto bonito e um doido que quer sempre aumentar seus limites nas cenas de ação de seus filmes. Cruise passou esses últimos trinta anos treinando seu corpo para fazer as cenas de ação que queria e começou a aprender mais sobre o cinema em si, participando da produção de alguns filmes e se aperfeiçoando nisso. Então, apesar de Joseph Kosinski ser o diretor do filme, ele está ali para dar a visão que Tom Cruise quer para o longa. O ator tinha grande controle sobre a película, e foi ele quem elaborou o treinamento para que os atores fossem capazes de suportar as dificuldades de estarem em aviões como aqueles utilizados no filme.



Atores:


Queria destacar quatro atuações: Tom Cruise entrega um Maverick mais complexo que no primeiro filme, pois agora tem que lidar com uma parte dramática de acreditar que falhou com o filho de seu melhor amigo. Jennifer Connelly que interpreta o interesse romântico de Maverick, Penny Benjamin, suas cenas são os momentos em que o filme, de maneira assertiva, decide desacelerar. Além disso, Connelly faz com que Penny seja uma personagem calma, o que combina ainda mais com esses momentos. Miles Teller possui uma boa química e presença de tela junto com Tom Cruise. E, por fim, Val Kilmer, que quando ficou sabendo do filme, pediu para retornar como Iceman, e Cruise curtiu tanto a ideia que colocou no próprio contrato que só retornaria se Val Kilmer também o fizesse. Devido a um câncer, Kilmer perdeu sua voz (que é feita no filme através do uso de uma Inteligência Artificial - leia aqui para saber como esse processo foi feito), mas isso não impede que, junto de Tom Cruise, ele entregue a cena mais emotiva do filme.

Gostaria também de destacar os outros atores que fazem os pilotos, que além de pagarem pelo treinamento elaborado por Cruise, tiveram que operar as câmeras dentro dos aviões, suportar de forma real a Força G e, ainda por cima atuarem, estão de parabéns.




Como "Top Gun: Maverick" renova os blockbusters:


Após os anos 1990, a utilização de Efeitos Especiais foi crescendo cada vez mais até que, hoje em dia, pode-se dizer que ela se saturou. Diversos blockbusters são lançados anualmente, sejam as continuações de filmes antigos, filmes de heróis, ficções científicas, as adaptações de livros e games, enfim, em todos eles o CGI (as imagens geradas por computador) se tornaram cada vez mais presentes, criando a sensação de artificialidade.


Criou-se então um movimento em Hollywood formado por diretores e produtores que se opõem a isso. É o caso de Tom Cruise. Ele sempre foi uma pessoa perfeccionista e que almejava maior veracidade nos seus filmes, e, nisso foi se aliando com diretores e produtores que se sentiam da mesma forma em relação ao uso abusivo da computação gráfica, como Christopher McQuarrie (diretor dos últimos filmes de "Missão Impossível") e Joseph Kosinski. Isso resultou em "Top Gun: Maverick", um blockbuster que nos faz respirar um pouco desse uso compulsivo dos efeitos especiais e nos faz sentir uma experiência incrível nas salas de cinema.


Você deve estar pensando: "Mas eu duvido que o filme inteiro utiliza-se só de efeitos práticos e não tenha nem um pouco sequer de efeitos especiais!". E você está certo. porém, aqui, vale ressaltar a sagacidade de Kosinski em usar esses efeitos especiais para complementarem os práticos.


A metalinguagem:


Durante o filme, é clara a mensagem de que o fator humano ainda é extremamente essencial. Maverick é o símbolo da tradição enfrentando a inovação tecnológica e provando seu ponto. Conseguimos transpor esse pensamento para a Indústria Cinematográfica. Vejamos: a inovação e a tecnologia são realmente importantes e estão lá para ajudar no crescimento, amadurecimento e transformação do antigo. Assim como os novos pilotos foram de extrema importância para que Maverick salvasse o dia, a utilização do digital no Cinema, é uma uma ferramenta muito útil e preciosa, mas não precisa ser o foco completo, e sim uma forma de ajudar o antigo brilhar.




Em suma, "Top Gun: Maverick" é uma continuação que explora a nostalgia, mas supera o original. Ele reflete na batalha da tradição contra a inovação, possui uma parte técnica excelente, um roteiro simples, mas muito eficiente. É a continuação que ninguém pediu, mas que o Cinema precisava para que os blockbusters voltassem a alçar voos mais altos, velozes e melhores.


Para quem só se importa com números:

Nota-9/10.


Ficha técnica:

Título Original: Top Gun: Maverick.

País de Origem: Estados Unidos.

Roteiro: Ehren Kruger, Eric Warren Singer, Christopher McQuarrie, Peter Craig, Justin Marks.

Direção: Joseph Kosinski.

Duração: 131 minutos.

Classificação: 12 anos.


Elenco:

Tom Cruise como Pete Mitchell "Maverick".

Miles Teller como Bradley Bradshaw "Rooster".

Jennifer Connelly como Penny Benjamin.

Jon Hamm como Beau Simpson "Cyclone".

Glen Powell como Jake Seresin "Hangman".

Lewis Pullman como Robert Floyd "Bob".

Ed Harris como Chester Cain "Hammer".

Jay Ellis como Reuben Fitch "Payback".

Monica Barbaro como Natasha Trace "Phoenix".

Greg Tarzan Davis como Javy Machado "Coyote".

Val Kilmer como Tom Kazansky "Iceman".

Bashir Salahuddin como Bernie Coleman "Hondo".

Danny Ramirez como Mickey Garcia "Fanboy".

Amelia Benjamin como Lyliana Wray.

Jean Louisa Kelly como Sarah Kazansky.




38 visualizações2 comentários

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2 bình luận


carolbiagioni
03 thg 2, 2023

Demais, demais mesmo! Valeu muito à pena assistir os dois juntos, o antigo e o novo!

Thích

luisabiagionisilva
03 thg 2, 2023

show!!!

Thích
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