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Crítica: Homem-Aranha - Aranhaverso (HQ)

Várias versões do herói aracnídeo se unem para salvar o multiverso

Por: Iuri Biagioni Rodrigues




Uma história que conta com diferentes versões do Homem-Aranha, um dos mais queridos e populares super-heróis dos quadrinhos, se unindo para enfrentar uma grande ameaça que pode acabar com toda linhagem de homens e Mulheres-Aranhas (ah, temos um Porco Aranha também) pelo multiverso parece bem interessante não é mesmo? Bem, na teoria sim, mas na prática deixa a desejar.


Antes de fazer sucesso nos cinemas mundo a fora, o conceito do Aranhaverso foi criado pelo roteirista estadunidense Dan Slott enquanto escrevia o roteiro do jogo de videogame Spider-Man: Shattered Dimensions, que trazia diferentes versões do Cabeça de Teia. Assim, Slott decidiu levar essa ideia para os quadrinhos e aprimorá-la trazendo o máximo de versões que conseguiu do famoso personagem. Para isso, ele foi auxiliado pelo talentoso desenhista francês Olivier Coipel, pelo desenhista italiano Giuseppe Camuncoli, por uma equipe de arte-finalistas composta por Coipel, Cam Smith, Wade Von Grawbadger, Livesay, Victor Olazaba, Mark Morales e Roberto Poggi e pelos coloristas Justin Ponsor e Antonio Fabela.


Nos EUA, o arco Aranhaverso foi publicado no primeiro semestre de 2015 nos números 9-15 de Amazing Spider-Man. No Brasil, a editora Panini lançou a saga nas revistas mensais do personagem (2016), depois em formato encadernado (2019) e republicou a história recentemente, em 2022, num encadernado da coleção Marvel Essenciais (edição que está sendo analisada aqui). A tradução ficou por conta do ótimo Mario Luiz C. Barroso.


Na trama, os Homens e Mulheres-Aranhas precisam se unir para deter a ameaça dos Herdeiros, a família de Morlun, vilão que foi apresentado em De Volta ao Lar. Assim como Morlun, seu pai e seus irmãos se alimentam de totens aranha de diferentes universos. Por causa de uma profecia, eles buscam por três heróis com mais afinco: "a noiva" (Teia de Seda - uma garota que foi picada pela mesma aranha que o Peter Parker da terra 616, a principal da Marvel), "o outro (Kaine - um clone de Peter Parker da terra 616) e "o herdeiro" ( Benjamin Parker - filho de Peter Parker e Mary Jane da terra 982, um futuro alternativo). Os vilões precisam cumprir um ritual de sacrifício desses três personagens para conquistar seu objetivo: a destruição total dos totens aracnídeos e, consequentemente, a extinção dos Homens e Mulheres-Aranhas.


Algumas versões do Homem-Aranha enfrentando os Herdeiros

Solus, o pai de Morlun e líder dos Herdeiros


Vemos que o roteiro de Dan Slott criou uma ótima "desculpa" para reunir diversas versões do Amigão da Vizinhança em sua história. Aqui, temos um ponto positivo da obra, pois apesar da grande diversidade de personagens, vemos que Slott consegue trabalhá-los muito bem. Assim, todas as versões do herói aracnídeo têm seu tempo em cena bem aproveitado. Mulher Aranha (Jessica Drew da terra 616), Homem-Aranha 2099, Miles Morales, Ben Reily, Porco-Aranha, Homem-Aranha Superior ( uma versão em que a mente do Dr. Octopus ocupa o corpo de Peter), Punk-Aranha, Spider-Gwen, Garota-Aranha (Mayday Parker da terra 982) e até mesmo o robô gigante Leopardon de Takuya Yamashiro (o Homem-Aranha japonês, como é conhecido coloquialmente), tem seu momento de destaque (outras versões também têm seu tempo de maior visibilidade). É muito divertido ver a interação entre os diversos avatares aranhas, principalmente aqueles jamais pensaríamos em ver nos quadrinhos como a versão do desenho animado dos anos 1960 e a versão do desenho Ultimate Spider-Man. (Mais um acerto para Dan Slott).


Como ponto positivo do texto de Slott podemos destacar que, de um modo geral, ele traz bons diálogos entre os diversos personagens. Em alguns momentos ele se prejudica com repetições como veremos adiante e com algumas falas que seriam melhor se ficassem de fora da obra como o recordatório com um pensamento de Peter explicando que quando ele e Teia de Seda estão próximos um do outro, devido aos seu feromônios já que foram picados pela mesma aranha, sentem vontade de copular feito coelhinhos aranhas . (Que coisa mais ridícula não é?)


O momento de destaque de Leopardon, o robô gigante utilizado por Takuya Yamashiro (o Homem-Aranha japonês - sim, é aquele da série de TV da Toei que foi exibida entre 1978 e 1979)

Um problema dessa saga, como em todo grande evento de quadrinhos de heróis, reside no fato de que diversos acontecimentos importantes para a narrativa ocorrem nos tie-ins, histórias derivadas da saga principal que são publicadas nas revistas mensais dos diversos personagens que aparecem no evento principal. Então, mesmo sendo possível ler Aranhaverso só nas histórias principais, certos acontecimentos ficam difíceis de ser compreendidos e outros ficam mal resolvidos para quem não acompanha as outra edições relacionadas com o arco principal.


Agora, analisando a história em si, vemos que ela possui diversos problemas. Primeiramente, podemos destacar os vilões, pois eles não tem carisma algum e não são bem trabalhados (de maneira geral). Mesmo quando os Herdeiros chegam bem perto de conseguir seu objetivo, não ficamos preocupados ou apreensivos com o resultado. Boas histórias fazem com que nos preocupemos com os personagens mesmo sabendo que os heróis vão vencer no final. Entretanto, não é o caso aqui. Podemos mencionar que alguns Homens-Aranhas são assassinados pelos Herdeiros, mas não sentimos o peso de suas mortes.



Rumo ao confronto final

Outro problema de Aranhaverso está nas situações que envolvem o "tear" e a "Teia da vida e do Destino” que controlam o multiverso e seus principais eventos, pois Slott força a barra nesse quesito e em alguns momentos ficamos confuso com isso.


Além desses aspectos negativos, a HQ sofre com algumas repetições e clichês. Exemplos: toda vez que um novo Homem-Aranha ou Mulher-Aranha entra no grupo os outros sempre dão a mesma explicação, há repetição de piadas (principalmente, sobre o Porco-Aranha - a mesma que fiz no primeiro parágrafo) e mais uma vez vemos a ideia de culpa e o sentimento de luto nos personagens aracnídeos. Isso fica mais evidente com Ben Parker da terra 3.145 que é o último sobrevivente de seu mundo e se sente culpado pelo que aconteceu. Para trazê-lo ao time Peter da terra 616 faz um discurso que é resumido em "com grandes poderes, vem grandes responsabilidades" e até o Homem-Aranha Superior ajuda, mas novamente vemos essa temática de perda/superação acaba sendo repetida em mais uma aventura do Homem-Aranha.


Conforme vamos lendo, ficamos com a esperança de que a obra vai melhorar, contudo isso não acontece. Durante a leitura queremos saber como tudo termina, mas não por causa da qualidade do roteiro, mas sim pela expectativa de acreditar em uma melhora que infelizmente não vem. Podemos dizer que Aranhaverso é bem chuchu sem sal.



Homem Aranha e Cindy Moon (Teia de Seda) após o fim da batalha contra os Herdeiros

Uma coisa boa neste quadrinho é o trabalho de arte de Olivier Coipel (principalmente) e Giuseppe Camuncoli. Os desenhistas têm ótimos enquadramentos e belas composições de página, trabalham muito bem com a grande quantidade de personagens, trazem boas cenas de ação e detalhamento nos cenários dos diferentes mundos. As cores de Justin Ponsor e Antonio Fabela cumprem bem seu papel de estarem alinhadas com o tom da narrativa, valorizam os traços de Coipel e Camuncoli e funcionam muito bem na representação dos portais, explosões, poderes e nas cenas de ação. Sem dúvidas, a arte é o ponto alto dessa história em quadrinhos.


Aranhaverso é uma excelente jogada de marketing, mas é uma história fraca que se sustenta mais pelo fan-service e pela empolgação de vermos vários Homens-Aranhas juntos do que pela qualidade de sua trama que é um pouco bagunçada e sem muito brilho. É uma boa leitura para quem quiser algo descompromissado e que não espere muito da obra. Mesmo com seus problemas, a história é interessante de ser lida por quem é fã do Teioso, pois é importante para a trajetória do herói mais popular da Marvel.


Para quem só se importa com números:

Nota = 5/10


Dados da HQ:

Roteiro: Dan Slott

Arte: Olivier Coipel (nas edições 9-11 e 14) e Giuseppe Camuncoli (nas edições 12-15 e no epílogo intulado O Banquete na edição 9)

Arte-final: Olivier Coipel (nas edições 9-11 e 14), Cam Smith (nas edições 12-15 e em O Banquete), Wade Von Grawbadger (nas edições 10-11 e 14), Livesay (nas edições 11 e 14), Victor Olazaba (edição 11), Mark Morales (edição 11) e Roberto Poggi (edição 15).

Cores: Justin Ponsor e Antonio Fabela (O Banquete)

Editores originais: Nick Lowe, Ellie Pyle e Devin Lewis

Editora original: Marvel

Tradução: Mario Luiz C. Barroso

Letras: Marcos Valério

Editores no Brasil: Matheus Ornellas e Fernando Lopes

Editora no Brasil: Panini Comics

Páginas: 184





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