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Crítica | Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania

Atualizado: 1 de mar. de 2023

Um filme menor que o Homem-Formiga.

Por Igor Biagioni Rodrigues.

Contém Spoilers.


Desde seu tímido início lá no já distante "Homem de Ferro" (2008), o Universo Cinematográfico da Marvel vive de promessas, e, durante muito tempo, as cumpriu. Mas agora, depois de mais de trinta filmes, sete séries e dois especiais de TV, essas promessas vão se desgastando, assim como o subgênero dos filmes de super-heróis.


Os filmes da Marvel Studios podem estar até fazendo uma boa quantidade de bilheteria após a pandemia, entretanto desde o encerramento de sua terceira fase com o lançamento de "Vingadores: Ultimato", vê-se muito questionamento por parte da crítica e do público em relação ao MCU e seu futuro. A questão é que foram justamente os filmes da Marvel os responsáveis por essa saturação de filmes de heróis. É inegável o peso que todo esse universo compartilhado de filmes fez na última década e não é exagero dizer que esses filmes mudaram a indústria cinematográfica. Porém, a quantidade de longas lançados foi aumentando cada vez mais e o sucesso por criar um universo de filmes que se conectam fez com que outros estúdios tentassem o mesmo. Seja a Warner correndo atrás com a DC de forma desastrosa, buscando soluções rápidas demais e agora tentando corrigir o erro através do novo universo comandado por James Gunn e Peter Safran (mas isso é assunto para outro momento) ou com a franquia de monstros (Godzilla e King Kong), ou a Universal querendo reviver sua franquia de monstros... Enfim, são inúmeros os exemplos de tentativas de criar universos compartilhados devido ao sucesso do MCU. Só que nenhum deu certo.


Isso tudo nos levava a pensar que os filmes da Marvel seriam o único universo compartilhado a fazer sucesso e que isso continuaria por mais longos anos. No entanto, não é bem isso que está acontecendo. Desde o início de sua quarta fase, o Estúdio decidiu expandir seu universo para as telas de TV com suas séries, que inicialmente, também deram muito certo (é indiscutível o sucesso de Wanda/Vision e Loki, por exemplo). Mas a quantidade de séries e filmes foi aumentando cada vez mais a ponto de que, em menos de dois anos, a Fase 4 já havia acabado. Com uma enorme quantidade de produções, mas com a qualidade cada vez mais questionável (e olha que eu gosto de algumas coisas dessa fase da Marvel).


Isso tudo sem contar as polêmicas envolvendo os profissionais de VFX que questionavam as condições de trabalho em relação ao prazo e à quantidade de horas extras trabalhadas.


Kevin Feige, produtor e presidente da Marvel Studios, anunciou que "Pantera Negra: Wakanda Forever" era o último longa dessa quarta fase e que "Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania" daria início a de número 5. O que eu posso dizer é que: começou de forma tenebrosa.



Após o Blip (o resultado da tentativa dos Vingadores de reverter as ações de Thanos, quando Bruce Banner usa as Joias do Infinito para trazer de volta a vida as pessoas mortas por Thanos devido ao seu estalar de dedos), Scott Lang já não está mais preocupado em ser um herói, e sim em ser um pai presente e viver sua vida após ficar preso no Reino Quântico por cinco anos, enquanto sua filha, Cassie, está justamente querendo ser uma heroína. No meio dessas intrigas familiares, Scott, Cassie, Hope, Janet e Hank Pym vão parar no Reino Quântico. Para sair de lá, eles deverão enfrentar o líder e tirano daquele lugar: Kang, o conquistador.


Os filmes do Homem-Formiga (e da Vespa), sempre foram os mais autocontidos desse universo e se preocupavam em contar uma história que não impulsionaria grandes eventos nos próximos filmes do estúdio. Isso era algo assertivo, uma vez que, cá entre nós, qual a necessidade de um herói como o Homem-Formiga ter três filmes? (e olha que nem é o herói original dos quadrinhos que é o protagonista, e sim o Scott Lang, segundo Homem-Formiga dos quadrinhos que estreou em 1979, enquanto Hank Pym surgiu em 1962).


Um dos meus questionamentos em relação aos quadrinhos de heróis é a necessidade de ler várias histórias para compreender uma. O mesmo está acontecendo com as películas da Marvel. Diante de tantos filmes que se conectam, "Quantumania" acabou caindo nessa armadilha também e esse é um dos inúmeros erros do filme.


Na intenção de atrair público e dar continuidade a nova saga, decidem introduzir o próximo grande vilão depois de Thanos: Kang. O que, sinceramente, não faz sentido. Os longas protagonizados por Scott sempre foram de tom mais cômico, então inserir um personagem como Kang em um filme desse estilo é uma ideia bem questionável. Kang tenta ser grande, mas não consegue, uma vez que tudo ao seu redor não é.



O antagonista também cai nas conveniências do roteiro. Em um momento, ele aparenta ser extremamente poderoso, com raios que pulverizam os inimigos, mas esse mesmo raio não faz o mesmo com o protagonista? Ele precisava do núcleo de sua nave para sair do Reino Quântico, e, já em posse do mesmo, em vez de ir embora, decide ficar e assistir às lutas que estão acontecendo ao seu redor.


Outro vilão apresentado é MODOK. Seria até interessante utilizarem ele como vilão principal do filme, usando o tom de comédia que a franquia está acostumada a usar, poderia ser minimamente interessante. Infelizmente, não é o que acontece e MODOK é utilizado para que fiquem repetindo a mesma piada sempre que ele aparece e para se tornar bonzinho simplesmente porque é questionado por uma adolescente. É revoltante pensar que um estúdio tão grandioso (financeiramente falando), tenha a capacidade de entregar um roteiro em que uma personagem (Cassie Lang) muda toda motivação de outro (MODOK) dizendo: "você tem que deixar de ser otário".


A película se vende como uma aventura em família, mas a relação de Scott com sua filha, que é sim interessante, é abordada bem superficialmente. Vespa só é protagonista no título do filme, já que é posta de lado no longa inteiro. Janet serve apenas para mover a história de Kang e do Reino Quântico,e Hank Pym tem uma participação extremamente fútil.



Esse filme teve a chance de apresentar um ambiente incrível que é o Reino Quântico, construindo um "universo" cheio de bizarrices, mas de certa forma belo e com diversos povos interessantes vivendo uma revolução contra um ditador. Todavia, novamente, não é o que acontece. Mais uma vez, o uso de CGI em excesso não agrada, além de ser extremamente escuro, entregando um universo com basicamente dois locais: a base da resistência e a fortaleza do Kang. O filme tenta nos fazer importar com certos personagens, contudo não nos conectamos nem com os protagonistas, quiçá com esses outros personagens. A ideia da revolução contra um autocrata malévolo era boa, mas aqui não tem peso e nem profundidade. Enfim, vira uma revolução vazia. Nem o sacrifício de Lang e Hope de ficarem no Reino Quântico é sentido, pois em segundos eles já voltam para Terra. Em alguns momentos, eu me senti assistindo "As Aventuras de Sharkboy e Lavagirl", e seria melhor se estivesse!



O roteiro não se contenta em explicar as situações várias e várias vezes, parece que subestimam a capacidade intelectual do espectador, nos chamar diretamente de ignorantes não seria tão ofensivo quanto isso. O filme promete ser grande, mas é pequeno nas suas ideias e resoluções. Kang, por mais que Jonathan Majors seja um bom ator, não entrega o medo, a inteligência e o poder que poderia. Tentam fazer com que nos sentíssemos em uma grande aventura com Homem-Formiga e passam bem longe. Um dos méritos dos outros longas do herói eram as cenas de roubo, Quantumania emula uma dessas cenas, mas nem de longe acerta.


Além disso, a história tenta vender uma ficção científica, mas ela em nenhum momento nos interessa, uma vez que é tão rasa e genérica. Aliás, o filme todo não possui originalidade.


"Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania" é um fraquíssimo filme de comédia que tenta se levar a sério, ignorando a capacidade dramática de certas situações e que erra ao apresentar o grande vilão da nova fase da Marvel. No fim, tentam apelar para continuar chamando atenção do público com suas duas cenas pós-créditos e até usando o Loki. Afinal, o Universo Cinematográfico da Marvel sempre foi isso: promessas atrás de promessas de algo vindouro. Até quando vamos aguentar isso?


Para quem só se importa com números:

Nota-3/10.


Ficha Técnica:

Título Original: Ant-Man and the Wasp: Quantumania.

País de Origem: Estados Unidos.

Roteiro: Jeff Loveness.

Direção: Peyton Reed.

Duração: 125 minutos.

Classificação: 12 anos.


Elenco:

Paul Rudd como Scott Lang / Homem-Formiga.

Evangeline Lilly como Hope van Dyne / Vespa.

Michelle Pfeiffer como Janet van Dyne.

Kathryn Newton como Cassie Lang/ Estatura.

Jonathan Majors como Kang.

Michael Douglas como Dr Hank Pym.

Bill Murray como Lord Krylar.

William Jackson Harper como Quaz.

Katy M.O’Brian como Jentorra.

David Dastmalchian como Veb.

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