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  • Foto do escritorIgor Biagioni Rodrigues

Crítica: "Maestro" (2023)

Atualizado: 14 de fev.

O egocêntrico Oscar bait de Bradley Cooper.

Por Igor Biagioni Rodrigues.


Maestro

"Maestro" é a cinebiografia do maestro, compositor e pianista estadunidense Leonard Bernstein. O filme foca no relacionamento de Leonard com sua esposa, Felicia Montealegre ao longo dos anos. É uma ideia interessante, mas que se perde nas vontades do diretor.


O longa foge dos padrões das cinebiografias musicais, especialmente as mais recentes, que costumam seguir um roteiro comum: começam com o início da carreira de um artista que surge do nada, mostram como alcançou a fama, passando por altos e baixos, e ressaltando a vida da celebridade por trás dos panos. Aqui, o enfoque é diferente, deixando de ser uma retratação mais documental da figura biografada para se tornar algo mais emocional, ao focar no relacionamento de Bernstein e Felicia ao longo das décadas, desde o início apaixonante até os problemas e a reconciliação.



Bradley Cooper, diretor, ator e co-roteirista, do filme foi perspicaz ao trazer uma nova perspectiva a um filme desse gênero. No entanto, toda a carreira do maior maestro dos Estados Unidos é contada através de diálogos rápidos e expositivos. Um artista tem sim uma vida além de sua arte, mas a sua arte é sua vida, ou pelo menos parte inerente dela. A película entrega apenas uma cena - a da igreja - em que podemos ver Bernstein atuando de forma intensa como o gigantesco maestro que foi. Isso afeta diretamente o enfoque que o filme decide ter, já que muito é dito sobre como a grande personalidade do artista impactou seu relacionamento com sua esposa, que vivia à sombra de Leonard.


A bola de neve aumenta. Carrey Mulligan entrega uma belíssima atuação no papel de Felicia, porém teríamos sido ainda mais impactados se nos mostrassem mais sobre a personalidade de Leonard Bernstein. Não é só a esposa do músico que vivia à sombra de alguém; o próprio músico ficou na sombra de Bradley Cooper, que tenta puxar muito o filme para si, através do uso da maquiagem para mostrar como ele está irreconhecível, enquadramentos para mostrar sua beleza e cenas do roteiro para mostrar sua versatilidade. Tudo isso colabora para considerarmos o longa como um "Oscar bait" (Isca de Oscar), um filme produzido com a primordial intenção de ganhar uma estatueta.


Mas "Maestro" não vive só de erros. Sua parte técnica é extraordinária. Sua montagem é inteligente, com cortes criativos que não se limitam ao tradicional plano e contraplano. Sua fotografia é exemplar; o diretor de fotografia, Matthew Libatique, possui uma ótima estratégia ao utilizar o preto e branco para emular cenas subjetivas e do passado, enquanto as cenas coloridas remetem aos acontecimentos mais recentes. Isso sem falar no aspecto do filme, que começa em 1.33:1 e termina em 1.85:1 (ver imagem a seguir), e na trilha sonora, composta apenas com músicas do próprio Bernstein.


Em suma, "Maestro" possui uma parte técnica exemplar, mas é sem vida, se afogando no ego de um diretor que tenta demais chamar a atenção para si, implorando por um Oscar.


Para quem só se importa com números:

Nota- 7/10.


Ficha técnica:

Título Original: Maestro

País de Origem: Estados Unidos

Roteiro: Bradley Cooper e Josh Singer

Direção: Bradley Cooper

Classificação: 16 anos

Duração: 129 min.


Elenco:

Carey Mulligan como Felicia Montealegre

Bradley Cooper como Leonard Bernstein

Matt Bomer como David Oppenheim

Maya Hawke como Jamie Bernstein

Sarah Silverman como Shirley Bernstein

Gideon Glick como Tommy Cothran

Miriam Shor como Cynthia O'Neil

Alexa Swinton como Nina Bernstein

Josh Hamilton como John Gruen

Zachary Booth como Mendy Wager




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