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Foto do escritorIgor Biagioni Rodrigues

Crítica: "Os Fabelmans" (2022)

Atualizado: 23 de mai. de 2023

A "cinebiografia" de Steven Spielberg.

Por Igor Biagioni Rodrigues.


Que Steven Spielberg é um dos maiores diretores do cinema, isso todo mundo sabe. Mas como seria se ele decidisse contar sua história e como se apaixonou pela sétima arte através de uma cinebiografia? É, justamente, o que ocorre em “Os Fabelmans”. O longa é inspirado em acontecimentos da vida do próprio Steven Spielberg.


Vivendo no Arizona, pós-Segunda Guerra Mundial, o jovem Sammy Fabelman deseja, na adolescência, se tornar um cineasta, mas descobre um segredo de família devastador. A partir daí,explora como o poder dos filmes pode ajudá-lo a ver a verdade.


A película mostra, de forma genuína, o impacto do cinema na vida deste grande diretor; para isso não precisou utilizar dinossauros, tubarões, alienígenas, aventureiros ou qualquer coisa do tipo. Simplesmente contou uma história de um menino e o impacto dessa arte em sua vida.


O filme é uma jornada pelas memórias do diretor - mostra-nos sua paixão pelo cinema, que o ajudou em diversos momentos de sua vida. A película começa com o pequeno Sammy indo assistir ao “O Maior Espetáculo da Terra” com seus pais. A cena de um acidente de trem causa-lhe impacto. Nesse momento, descobre o poder do cinema: o de transformar aquilo que não é, em algo que as pessoas acreditam ser real. É o poder da imagem!





Sammy vai descobrindo o cinema à medida em que vai se descobrindo como pessoa e, também, como cineasta. Fazendo filmes desde criança, tendo suas irmãs como atrizes e sendo inventivo, desde cedo, na criação de efeitos especiais, o garoto cresce, bem como suas habilidades cinematográficas também. Aquilo que inicialmente o assustou, logo se transformou numa paixão,como ele mesmo enfatiza: não é um simples hobby.



O longa emociona ao trazer essa questão metalinguística de forma bem assertiva.

Na cena inicial, o pai de Sammy (Paul Dano) tenta explicar para o menino como as projeções funcionam, falando tecnicamente sobre os 24 frames exibidos por segundo e, a persistência da visão. Contudo é sua mãe (Michelle Williams), que de forma mais poética, explica-lhe o que é realmente um filme: “Filmes são sonhos, querido, que você nunca esquece”.


De cara entendemos esses personagens - Burt, o pai de Sam, é alguém mais racional e vê as coisas através da técnica. Mitzi, sua mãe, vê o mundo de forma mais artística, sensível e poética. Uma vez que somos frutos de nossas paixões, desejos e ensinamentos, Sammy acaba por ser o amálgama dessas duas pessoas. Seus filmes, e sua relação com a sétima arte são mais técnicas, enquanto sua forma de ver o mundo é mais poética.




O filme peca, no meu ponto de vista, por ser muito intimista em um certo aspecto, retratando problemas tão íntimos na vida do diretor. Não que eu esteja menosprezando as dificuldades vividas por ele. Não me refiro ao preconceito antissemita pelo qual passou em sua adolescência. Vejo que alguns dos problemas familiares retratados são próprios de pessoas brancas e ricas, o que acaba nos desconectando. O que nos aproxima do personagem é, justamente, sua paixão pelo cinema e o seu desejo de viver dele. Nesses momentos, a película acerta em cheio. Quando, por exemplo, seu tio faz uma visita a sua família. Numa noite, ele conversa com Sammy e reflete sobre a relação do amor a sua família e à arte. São duas coisas que irão dividir a vida do garoto. Outro momento impressionante, ocorre quando vários problemas estão acontecendo e o mundo parece uma bagunça. O jovem deita na cama, pega sua câmera e a coloca em seu rosto. Isso é a única coisa que faz todo o barulho da vida lá fora parar. Sem falar de seu encontro com John Ford -que cena espetacular!



Tecnicamente o filme brilha em diversos aspectos: utiliza inúmeras técnicas de enquadramento, movimentos de câmera, atuações sobre atuações, montagens de cena, passagens de tempo na narrativa, diálogos expositivos, que explicam detalhes e formas de fazer filmes, e uma trilha sonora lindíssima, composta por ninguém menos que John Williams.


Falando sobre atuações, gostaria de destacar a de Paul Dano, que entrega uma atuação tão doce e tão delicada. E a de Michelle Williams, que nos mostra uma personagem intensa, profunda e muito real.


Em suma, “Os Fabelmans” é um filme sobre um garoto apaixonado por cinema, sobre a sétima arte em si e sua relevância no mundo e na vida das pessoas. Tudo isso passando pelas memórias de um dos diretores que revolucionou a indústria cinematográfica no século XX. Em algum momento, Sammy Fabelman ou melhor, Steven Spielberg não estará mais aqui, mas sua arte e seus filmes continuarão mostrando, através de diversas histórias e personagens, que quando se faz aquilo que se ama, o resultado é sempre excelente!


Para quem só se importa com números:

Nota-8/10.


Ficha técnica:

Título Original: The Fabelmans.

País de Origem: Estados Unidos.

Roteiro: Steven Spielberg e Tony Kushner.

Direção: Steven Spielberg.

Duração: 151 minutos.

Classificação: 14 anos.


Elenco:

Gabriel LaBelle como Sammy Fabelman.

Michelle Williams como Mitzi Fabelman.

Paul Dano como Burt Fabelman.

Seth Rogen como Bennie Loewy.

Mateo Zoryan como Sammy Fabelman.

Keeley Karsten como Natalie Fabelman.

Julia Butters como Reggie Fabelman.

David Lynch como John Ford.

Judd Hirsch como Boris Schildkraut.

Robin Bartlett como Tina Schildkraut.

Gabriel Bateman como Roger.

Chloe East como Monica Sherwood.

Sam Rechner como Logan Hall.

Jeannie Berlin como Hadassah Fabelman.

Crystal The Monkey como Bennie the monkey.





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