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Crítica | Pantera Negra: Wakanda para Sempre (2022)

Atualizado: 2 de dez. de 2023

Um luto mais profundo que o oceano... Mas que se afoga devido ao futuro do UCM.

Por: Igor Biagioni Rodrigues


Pôster de Pantera Negra: Wakanda para sempre

Contém spoilers!!!


“Pantera Negra: Wakanda para sempre” tinha a difícil missão de ser a continuação do importantíssimo e incrível “Pantera Negra” (2018) e de honrar o legado de Chadwick Boseman, que infelizmente, veio a falecer precocemente vítima de um câncer. E o longa consegue cumprir com tudo isso? Até que consegue, sim, lidar com esse difícil cenário, mas não é tudo que poderia ser. Avisando que essa crítica vai ser bem no estilo “morde e assopra”.


"Wakanda para sempre" conta como Wakanda, sob o agora reinado da Rainha Ramonda (em uma excelente atuação de Angela Basset) está lidando com a morte de seu antigo rei e Pantera Negra, T’Challa. O país decidiu fechar-se novamente diante da cobiça das outras nações em relação ao Vibranium. Isso faz com que um aparelho detector de Vibranium criado pela estudante gênio do MIT, Riri Williams, encontre o metal no fundo do mar, irritando o rei de Talokan, Namor, que exige que a rainha lhe entregue essa cientista.


O filme começa com um prelúdio que se passa no funeral de T’Challa, com um silêncio que preenche toda a sala de cinema, simbolizando o luto diante de tal perda, não só do personagem, como também do saudoso Chadwick Boseman. E é esse tom de luto que viria tingir todo o longa, se não fosse por uma duração desnecessária de 161 minutos que faz com que subtramas inseridas no filme apaguem o sentimento tão importante que o mesmo poderia trazer.


Algo em comum tem sido abordado nas diversas produções da Marvel nessa quarta fase, como em Wanda Vision, Gavião Arqueiro, Homem-Aranha: Sem volta para casa, Cavaleiro da Lua, Doutor Estranho: Multiverso da Loucura e até mesmo em Thor: Amor e Trovão. Não vamos adentrar na qualidade de cada uma delas, mas a coisa comum entre todas elas é o luto. Em “Pantera Negra: Wakanda para sempre”, esse luto carrega um peso ainda maior, uma vez que transcende a ficção e atinge o real. O longa faz sim um tributo a Chadwick, deixando claro o peso da sua ausência em toda película. Porém, o que pode incomodar é a maneira como o roteiro trata esse sentimento, fazendo com que o mesmo seja demonstrado, ou melhor, expelido através de falas e gritos constantes de Shuri (Letitia Wright) e Rainha Ramonda, e não realmente sentido através de gestos e situações na história.


Falando sobre Letitia Wright, a mesma não consegue carregar o peso da sua transição de coadjuvante para protagonista, isso é nítido quando ela está em cena com a Rainha Ramonda (Angela Basset), Okoye (Danai Gurira), Nakia (Lupita Nyong’o), Namor (Tenoch Huerta) e até mesmo com M´Baku (Winston Duke), todos excelentes em seus papéis.


Outro aspecto negativo, que é o maior problema do filme, porque ofusca o luto que poderia ser melhor trabalhado, são as amarras do UCM. Para que o universo cinematográfico da Marvel continue andando, o longa apresenta subtramas que são totalmente desnecessárias como o arco de Everett Ross (Martin Freeman) e Condessa Valentina Allegra de la Fontaine (Julia Louis-Dreyfus), ou que poderiam ser apresentadas em outro momento como a história de Riri Williams (Dominique Thorne), que é apresentada de uma forma jogada como uma jovem prodígio da tecnologia que cria uma armadura com tecnologia Stark (sendo que, em momento algum, a personagem diz algo sobre sua admiração/inspiração pelo finado Homem de Ferro). Ficaremos sabendo da sua história na vindoura série “Iron Heart”, que sairá no Disney Plus no ano que vem, seria melhor se ela fosse introduzida só lá.


Bem, depois da mordida, vamos assoprar. E esse sopro tem um nome: Namor (e tudo que o envolve). O anti-herói criado lá no longínquo ano de 1939 passou por uma reformulação para ser adaptado aqui, e, Ryan Coogler e Joe Robert Cole fazem isso de uma forma genial. Esqueçam o Namor fanfarrão dos quadrinhos, vamos dar a ele um peso e um vigor cultural. O Príncipe submarino agora não é mais o rei de Atlântida, e sim de Talokan, uma cidade submersa localizada na península de Yucatán. Namor e seu povo são fruto do colonialismo (sim, a geopolítica movendo o enredo do filme, assim como no primeiro, o que é uma ótima abordagem).


Tenoch Huerta entrega um Namor muito forte (não somente em questão de poder), mas em questão de liderança e carisma. Sua motivação é clara: proteger seu povo dos colonizadores, de sua ganância e da exploração. O espelhamento com Killmonger (Michael B. Jordan) é instantâneo.


Vale ressaltar um artifício narrativo muito interessante presente na introdução do povo de Talokan. Suas cenas iniciais são pinceladas com um tom de terror, que nos traz a sensação de perigo que eles causam.


Falando agora das duas nações em si: o Afrofuturismo wakandano é deixado um pouco de lado para que a latinidade ganhasse forma através de Namor e os habitantes de Talokan. É um visual que mesmo que apagado devido a iluminação das cenas no fundo do oceano, demonstra uma grandeza, imponência e elegância a essa nação e a esse povo. Imaginem se isso fosse introduzido em um filme solo e não em um filme dentro de outro!


Já que comentei sobre um certo Killmonger, vamos falar sobre isso então. A Marvel vem se colocando em um lugar difícil ao fazer filmes com participações especiais, e às vezes, isso resulta em apenas “fan services”, como em Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa, no entanto, esse não é o caso aqui. O “retorno” de Killmonger através de sua aparição para Shuri no Reino dos Espíritos não está lá só para agradar fã não, seu diálogo com a protagonista a coloca em choque sobre aquilo em que ela está se tornando e o caminho de vingança que quer trilhar. Sim, Michael B. Jordan, você continua sendo o melhor vilão do UCM e vai ser difícil mudar isso.


Fora tudo comentado até aqui, vale ressaltar que as cenas de luta são bem interessantes e, mesmo sem sangue, conseguem trazer momentos bem tensos que nos fazem sentir o perigo da batalha (vide a luta entre a Pantera Negra e Namor). A trilha sonora é um espetáculo à parte! Rihanna volta de seu hiato musical em grande estilo trazendo duas músicas incríveis, “Lift me Up” e “Born again”, que refletem muito bem o tom do filme.


Em suma, Pantera Negra: Wakanda para sempre possui os seus deslizes, mas Ryan Coogler consegue entregar um bom filme tributo, com uma importante temática geopolítica e com a introdução de um grande anti-herói da Marvel. Apesar das amarras que UCM impõe fazendo com que o filme não consiga entregar tudo que poderia se pudesse focar no seu micro universo e não no macro em que o estúdio manda.


Para quem só se importa com números:

Nota- 7/10.


Ficha técnica:

Título Original: Black Phanter: Wakanda Forever.

Roteiro: Ryan Coogler e Joe Robert Cole.

Direção: Ryan Coogler.

País de origem: Estados Unidos.

Classificação: 14 anos.

Duração: 161 minutos.


Elenco:

Letitia Wright como Shuri/Pantera Negra.

Angela Bassett como Rainha Ramonda.

Danai Gurira como Okoye.

Lupita Nyong’o como Nakia.

Tenoch Huerta como Namor.

Winston Duke como M' Baku.

Dominique Thorne como Riri Williams.

Michaela Coel como Aneka.

Julia Louis-Dreyfus como Valentina Allegra de Fontaine.

Martin Freeman como Everett K. Ross.


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