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Foto do escritorIgor Biagioni Rodrigues

Crítica | Pinguim – 1X08: "Algo Grave ou Trivial" (2024)

Atualizado: 13 de nov.

Um final sufocante…

Por Igor Biagioni Rodrigues.

(Pinguim episódio 8/ Warner/Divulgação)

Contém spoilers!


E chegamos ao fim dessa excelente minissérie spin-off de The Batman (2022). Começamos o episódio com uma regressão de Francis imposta pelo psiquiatra Julian Rush. Com uma ideia muito interessante de utilizar Deirdre O’Connell interpretando Francis do presente em um momento do passado, simbolizando não só o seu estado mental perante a doença que possui, mas também a visão que ela tem diante daquelas memórias, se vendo não como antigamente, mas sim como está agora: acabada, envelhecida. Em uma conversa de Francis com Rex Calabrese, é revelado que ela já sabia que Oz matou os irmãos e estava decidida a matar o próprio filho, a quem considerava um monstro. Porém, no clube de jazz e diante daquele monstro que ela criou, ela decide seguir um outro caminho, deixá-lo viver e domá-lo a seu favor, fechar os olhos para o que ele fez e fazia e manipulá-lo ao seu bel-prazer. Assim como o próprio Oswald sempre fez com as pessoas: Carmine, Salvatore, Sofia...


Sofia conta a história de que, quando criança, viu uma mãe pássaro ter dois filhotes, mas um deles se tornou maior e mais forte do que o outro. Sofia disse que temia pelo mais fraco, mas que, surpreendentemente, num dia em que a mãe saiu, o menor e mais fraco atacou o irmão e o matou, empurrando-o do ninho. Mais surpreendente ainda, ao voltar, a mãe continuou cuidando do filhote menor como se nada tivesse acontecido. Sofia tinha um plano de vingança contra o Pinguim, que ia muito além de matar sua mãe ou até mesmo ele; queria feri-lo da forma mais profunda possível. É interessante ressaltar o trabalho do design de produção que transforma aquele clube de jazz destruído pela enchente causada pelo Charada em um ambiente escuro e hostil — Gotham é uma verdadeira selva.

(Cristin Milioti no oitavo episódio de Pinguim/Warner/Divulgação)

Nisso, ela ameaça cortar o dedo de Francis se Oz não admitir que deixou seus irmãos morrerem. Nesse momento, vemos o estado mais puro do egoísmo de Oswald; para manter as aparências, ele estava decidido a deixar que arrancassem o dedo de sua mãe ao confessar o crime. É nessa hora que, apesar de sua doença, Francis domina a situação e revela que sabia o que Oz fez e que sempre o odiou. Ver a pessoa que o Pinguim, aparentemente, mais se importava humilhá-lo e rejeitá-lo daquela forma já era suficiente para Sofia, mas Francis vai além; num momento de fúria, esfaqueia Oz, mas as visões provocadas por sua demência atacam novamente, e tão ferozmente, que ela tem um AVC e cai inconsciente no chão. Furioso, Oz se liberta, mata alguns dos homens de Sofia e foge com sua mãe.


Enquanto isso, Victor chega a Crowpoint para ajudar seu chefe, mas, diferentemente dele, os mafiosos não estão ali por Oswald, e sim pela droga. Contudo, Oz consegue contatar o garoto e informar sua localização. No hospital, Oz pede ajuda para sua mãe e se isola para tratar seu ferimento. Aqui, podemos entender a maneira como ele se cura, não só fisicamente, mas também emocionalmente, pouco se importando com a ferida que lhe foi causada e seguindo em frente rumo ao próximo passo nessa longa escalada até o topo do crime em Gotham. Se a máfia não é o suficiente, agora é necessário encontrar o verdadeiro poder: a política.


Ao entrar na prefeitura de Gotham (detalhe para as cortinas aparentemente arrumadas em formatos de coruja — “Alô, Corte das Corujas!”), Oz conversa com o vereador Sebastian, que já foi prefeito da cidade nos quadrinhos, e joga mais um jogo de interesses: denuncia Sofia pela morte dos Falcones e pela explosão em Crowpoint, além de incriminá-la pela morte de Salvatore Maroni. Agora, o Pinguim sonha voar mais alto, atingir cargos públicos talvez (como em Batman: O Retorno e até mesmo em um dos arcos em que esse universo se inspira bastante, Batman: Terra Um), ou apenas manipulá-los. Em seguida, temos uma cena emblemática em que Oz olha para cima e vê a prefeita Bella Réal... Oz tem mais um topo para alcançar.

(Prefeitura de Gotham no oitavo episódio de Pinguim/Warner)

Sofia decide que vai sair de Gotham e faz uma proposta para os outros mafiosos: quem encontrar e capturar Oz fica com sua casa e com os meios para dominar o mundo do crime de Gotham. Mas, assim que é contactada sobre a suposta captura de Oz, Sofia queima sua casa, queimando todo o legado dos Falcones, em uma dança ao som de "Where Did You Sleep Last Night", que ficou famosa no acústico do Nirvana. Novamente, uma música do Nirvana vem agraciar esse universo; é impressionante como o grunge complementa essa cidade e seus personagens caóticos e desfigurados.

(Pinguim episódio 8/Warner/Divulgação)

Porém, ao chegar lá, Sofia percebe que a armadilha era para ela. Oz então debocha, dizendo que será seu motorista mais uma vez. A montagem da cena, com os aliados de Sofia sendo mortos um a um por seus capangas, remete diretamente a O Poderoso Chefão, quando todos os rivais de Michael Corleone são assassinados. Ao levar Sofia até a Ponte Elliot, o Pinguim diz que ela irá para o inferno, e a iluminação da cena, que se forma ao redor de Sofia, representa a trajetória de um projétil. Oz pode não ter atirado literalmente, mas figurativamente sim. O destino de Sofia é pior que a morte; é o inferno... é o retorno para Arkham.


(Cristin Milioti em Pinguim/Warner/Divulgação)

Oz corre para o hospital para se vangloriar diante de sua mãe, mas só a encontra em estado vegetativo. Em uma bela atuação de Colin Farrell, que desaparece nesse papel (impressionante sua atuação), ele chora e implora pela aprovação da mãe. Tudo que ele mais queria em sua vida pode ter sido alcançado, mas a aprovação de sua mãe, que antes fechava os olhos para ignorar as atrocidades que o filho cometera, agora está de olhos abertos, mas incapaz de enxergá-lo.


Chegamos, assim, ao inevitável momento mais triste do episódio final. Sentado ao lado de Victor, Oz comenta que não teria conseguido sem ele. O garoto agradece e diz que sente falta de sua família, mas encontrou em Oz uma nova. Então Oz diz que o caminho que ele tem que seguir não poderá levar Victor com ele, pois ele o viu no seu ponto mais baixo, viu seu ponto mais fraco, e isso não pode acontecer. Ele então enforca o garoto até a morte, de forma lenta. Teve várias chances de desistir, mas continua sufocando o garoto, que se debate no chão. Deixar viver alguém com quem possui laços é fragilizar seu lado perverso. A câmera se distancia e podemos ver que Victor usa os mesmos tênis que usava quando matou alguém pela primeira vez, tênis repletos de sangue que ele não conseguiu limpar. A ganância o matou. Sua nova família o traiu. Oz luta com o corpo do garoto, pega o dinheiro que o fez entrar nesse mundo e joga sua identidade nas águas do rio, as mesmas águas que mataram seus pais e irmã. Agora, Victor morreu também como um indigente ao relento, e o Pinguim nasceu. A série passou o tempo todo nos dizendo que não se deve confiar no Pinguim; isso também serve para nós, espectadores.


(Pinguim episódio 8/ Warner/ Divulgação)

Há um corte, e podemos ver Oz com trajes bem parecidos com os clássicos dos quadrinhos. Ele está na cobertura de um prédio onde sua mãe também está. Ele diz que cumpriu sua promessa, e uma lágrima escorre dos olhos de Francis. Oz cumpriu a promessa que fez a si próprio, mas não à mãe. Ele desce as escadas e vemos Eve Karlo (a possível Cara de Barro desse universo), vestida como Francis. Em um momento doentio, Oz pede para ela dizer o que sua mãe jamais disse. Ela diz que o ama, que ele conseguiu, que Gotham pertence a ele, e que mais ninguém está em seu caminho. A câmera dá um zoom out saindo do prédio, e no canto superior direito da tela vemos o batsinal se acendendo. Que venha The Batman parte 2!


(Batsinal no oitavo episódio de Pinguim/ Warner)

Pinguim encerra sendo uma das melhores, ou talvez a melhor série do ano.


Para quem só se importa com números:

Nota- 9/10.


Ficha Técnica:

Título Original: The Penguin – 1X08: A Great or Little Thing

País de Origem: Estados Unidos

Criação:  Lauren LeFranc

Roteiro:  Lauren LeFranc

Direção: Jennifer Getzinger

Duração: 68 min.

Classificação: 16 anos


Elenco:

Colin Farrell,

Cristin Milioti,

Rhenzy Feliz,

Deirdre O’Connell,

Clancy Brown,

Carmen Ejogo,

Michael Zegen,

Berto Colón,

James Madio,

Joshua Bitton,

David H. Holmes,

Daniel J. Watts,

Ben Cook,

Jayme Lawson,

Theo Rossi,

Emily Meade,

Ryder Allen

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