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Crítica: "Que Horas Eu Te Pego?"(2023)

Filmes precisam de cenas de sexo? (Ou A nova “comédia adulta” de Jennifer Lawrence e seu impacto no subgênero)

Por: Igor Biagioni Rodrigues e Iuri Biagioni Rodrigues

“Que Horas Eu Te Pego?” conta a história de Maddie (Jennifer Lawrence), uma mulher bonita e extrovertida de 32 anos que tenta seduzir e "namorar" Percy (Andrew Barth Feldman), um jovem esquisito e introvertido de 19 anos. Tudo isso para que a protagonista ganhe um carro dos pais do garoto com a intenção de continuar seu trabalho de Uber e pagar as contas que estão (muito) atrasadas. Num primeiro momento, parece ser mais um filme bobo de comédia romântica estadunidense. Entretanto, o filme vai além disso (dentro e principalmente fora das telas).


O início dos anos 2000 foi marcado por uma grande quantidade de lançamentos de filmes de comédia adulta, como “O Virgem de Quarenta Anos”, “Show de Vizinha”, “Superbad: É Hoje!”, entre vários outros. Mas, com o passar do tempo, esse subgênero foi sendo cada vez mais deixado de lado pelas grandes produtoras. Contudo, todo o marketing dessa película deixava claro o teor do longa, e não só isso, ele foi lançado nos cinemas (nos últimos tempos, esse tipo de filme era lançado diretamente no streaming).


Mas por qual motivo essas comédias foram "sumindo" ao longo da última década? Talvez, muito disso possa estar relacionado com a Geração Z. Não viu essa chegando? Pois é, e “Que Horas Eu Te Pego?” levantou um debate bem interessante nesse aspecto (mais interessante que o filme em si, inclusive).


Segundo uma pesquisa divulgada pelo The Hollywood Reporter e realizada pela Universidade da Califórnia, 51% dos 1.500 participantes desejam ver mais conteúdo sobre relacionamentos platônicos e amizades. Além disso, 47,5% afirmaram que o sexo "não é necessário" na maioria das séries e filmes, e 44% acham que o romance é "usado em excesso" nessas produções. Esse estudo ocorreu após o lançamento de “Que Horas Eu Te Pego” na Netflix lá fora (por aqui, o filme está disponível no catálogo da Max), o que gerou uma discussão entre o público mais jovem sobre a relevância de cenas de sexo nas produções audiovisuais.



Enfim, vamos à crítica em si, antes que vocês comecem a perguntar: “mas e o filme, é bom ou não, hein?”. Bem, o longa traz uma boa história de amizade e uma sátira da juventude alienada e viciada em tecnologia, abordando conflitos geracionais e de classe, desigualdade social e relacionamentos entre pessoas de idades diferentes (dessa vez é uma mulher mais velha tentando seduzir um jovem e não o contrário, mais um ponto positivo para o longa que rompe um pouco com esse tipo de história). Mesmo não sendo nada profundo, o público pode refletir mais sobre esses temas. A questão da sexualização também pode ser debatida.


Outro ponto positivo é a química existente entre os dois protagonistas. Eles estão bem entrosados. O maior destaque é Jennifer Lawrence. A atriz mostra que tem uma perfeita presença de tela e ótimo timing cômico, demonstrando toda sua versatilidade, que vai desde a comédia até seu lado mais emotivo, como na cena em que Percy toca piano no restaurante. Não é exagero dizer que Jennifer carrega o filme.



Apesar de ter um início bem interessante e que relembra a sensação de assistir àqueles filmes do início dos anos 2000, a segunda metade decide tomar outro rumo, apelando para o drama. Parece que, de certa forma, os roteiristas e diretores optaram por esse caminho a fim de fugir de uma questão que consideraram mais pesada sobre o relacionamento dos dois personagens principais (ainda mais que muito seria discutido se fossem papéis opostos). Assim, decidiram criar uma crise de identidade nos protagonistas, mas sem estragar totalmente seu relacionamento, pendendo então para a amizade. Toda essa segunda metade do filme faz com que o tom cômico fique deslocado e o longa se torne desinteressante.


No fim, “Que Horas Eu Te Pego?” vale mais pela boa surpresa que é ver uma atriz como Jennifer Lawrence em um gênero ao qual não estamos acostumados a vê-la e pela discussão interessantíssima que ela gerou na internet. E você? O que acha das cenas de sexo nas produções?


Para quem só se importa com números:

Nota- 6/10.


Ficha Técnica:

Título original: No Hard Feelings

País de origem: Estados Unidos

Roteiro:  Gene Stupnitsky, John Phillips

Direção: Gene Stupnitsky

Classificação: 16 anos

Duração: 103 min.


Elenco:

Jennifer Lawrence como Maddie Barker

Andrew Barth Feldman como Percy Becker

Laura Benanti como Allison Becker

Matthew Broderick como Laird Becker

Natalie Morales como Sarah

Scott MacArthur como Jim

Ebon Moss-Bachrach como Gary

Hasan Minhaj como Doug Khan

Kyle Mooney como Jody


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