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Crítica: "Rogue One: Uma História Star Wars" (2016)

Atualizado: 8 de mai. de 2023

"Rebeliões são formadas pela esperança".

Por Igor Biagioni Rodrigues

Contém spoilers!


Logo de início já vou deixar claro que, na minha humilde opinião, "Rogue One: Uma História Star Wars" é o melhor filme da franquia desde 1980. Em um universo tão vasto e cheio de possibilidades, as histórias de Star Wars decidiam, em sua maioria, focar em uma trama que envolvia diretamente a família Skywalker. Por mais importante que eles tenham sido na lore (mitologia do universo) de Guerra nas Estrelas, são apenas uma fração dentro de tudo que aconteceu, acontece e acontecerá nessa galáxia tão distante. E diante disso, com a compra da Lucas Film pela Disney, a repetição de tramas envolvendo esses personagens começou a acontecer de forma exacerbada. E quando é decidido contar algo fora desse nicho (por mais que as vezes venham a ter relação com os personagens principais da trilogia original) é sempre muito bom. Star Wars possui um universo expandido gigantesco, e eu acredito que nessas histórias estão uma das melhores tramas.


"Rogue One", é Star Wars, mas um Star Wars diferente. Apesar da história impactar diretamente os eventos que ocorreriam na trilogia original, ela é uma história independente e pode ser um ponto de partida para aqueles que nunca assistiram nada da maior saga espacial dos cinemas (apesar de que, para aqueles que já estão introduzidos nesse universo a mais tempo, a experiência de assistir ao longa se torna algo mais incrível). Na trama, a Aliança Rebelde está indo atrás de um piloto desertor do Império, que a mando de Galen Erso, criador da Estrela da Morte, vai até a cidade de Jheda, se encontrar com o rebelde extremista, Saw Gerrera para entregar-lhe uma mensagem. Os rebeldes recrutam Jyn Erso (filha de Galen), que unida ao piloto Cassian Andor, ao droide K-2SO e outros, descobrem que a mensagem enviada pelo pai de Jyn, revelava que ele colocou uma falha dentro da Estrela da Morte para que a mesma fosse destruída. O grupo então vai até o planeta Scarif para roubar os planos da arma destruidora de mundos para dar à galáxia uma nova esperança.

Pontos positivos:


Como disse antes, a história é fechada em si e apesar das referências, elas não atrapalham em nada a experiência de quem não viu aos outros filmes de Star Wars. A trama é de fácil compreensão, uma vez que é um clichê reunir um grupo de desconhecidos para realizar uma missão mortal em filmes de assalto, mas é aplicado de forma esplêndida.


Os personagens introduzidos são todos carismáticos e o roteiro os trabalha muito bem, fazendo com que nos afeiçoemos com cada um deles (uns mais que outros), seus encontros e relações são construídas de forma muito fluida. Fora os novos personagens, os já conhecidos que aqui aparecem não o fazem pelo mero fanservice (termo utilizado para se referir a elementos supérfluos que não agregam à história. Estão ali apenas para agradar os fãs). Isso é um dos pontos áureos do filme, uma vez que, se você parar para pensar, toda a película é um grande fanservice. Mas como isso é bom? Simplesmente porque aqui a história é totalmente redonda, com um roteiro de qualidade, personagens bem construídos e que não dependem de conhecimento prévio de quem está assistindo, e aqueles personagens já conhecidos pelo público que aparecem no filme, como Tarkin e Darth Vader, são justificadas dentro desse mesmo roteiro de maneira coerente.


Falando no desenvolvimento dos personagens, isso não acontece apenas do lado dos rebeldes, mas também no lado do Império. O Diretor Orson Krennic, que pode ser considerado o grande vilão do longa, não é um simples oficial imperial. somos apresentados aos seus objetivos, suas ações e emoções perante aos acontecimentos. Krennic não é um vilão simples que faz o que faz, destrói planetas e mata pessoas pelo gosto da coisa. Não, ele faz isso porque quer trazer paz para a galáxia, mesmo que isso custe a morte de milhares. Esse é seu objetivo, o qual só é deixado para trás quando algo afeta sua posição na hierarquia do Império. Tudo isso transforma Krennic em um ótimo personagem.

As atuações em "Rogue One" são estupendas, assim como seus personagens. Jyn Erso, vivida por Felicity Jones, é uma personagem que já nos mostra desde o início que não é inocente. A atriz traz em cada frase um peso e uma mágoa que ressoam em todo o triste e importante arco da personagem (o mais completo do filme), que por mais que finja estar se sentindo indiferente com o andar das coisas, foi treinada a vida toda para mudar esse status quo, para por um fim no Império e ela só percebe isso quando seu pai morre em seus braços.


Cassian Andor, personagem de Diego Luna, só teria seu arco mais trabalhado anos depois da estreia de "Rogue One", com o lançamento da sua perfeita série. Entretanto, já neste longa, o personagem já mostra o lado mais sombrio da rebelião. Ele é um assassino, que, inicialmente, não questiona ordens e defende a causa acima de tudo. Com o decorrer do filme, sua aproximação com Jyn se torna um ótimo elemento narrativo, mesmo que rapidamente construído.


Alan Tudyk (voz e captura de movimentos) entrega um sarcástico K-2SO. Se tem uma coisa que Star Wars sabe fazer, são droides carismáticos. O droide imperial reprogramado traz um humor certeiro para a narrativa. E, sem mesmo conhecermos o seu passado com Cassian (que provavelmente será mostrado no segundo ano da série de Andor), já conseguimos sentir a relação dos dois, e melhor, acreditar nela.


Donnie Yen, interpreta um dos melhores personagens do longa (isso em um filme cheio de bons personagens, é um ótimo elogio). Chirrut Îmwe, que junto com seu amigo, Baze Malbus de Wen Jiang, eram antigos guardiões dos templos de Cristal Kyber na cidade de Jheda. Chirrut é uma pessoa sensitiva à Força e possui deficiência visual. Porém, mesmo assim, as melhores cenas de luta são com ele, seu humor possui um ótimo timing e sua reflexões filosóficas são dignas de um Jedi.


Forest Whitaker, responsável por encarnar a versão em live-action do terrorista rebelde Saw Gerrera, em poucos minutos entrega uma das melhores atuações da película. Somente com a entonação de sua voz, o ator consegue transmitir o peso do passado do personagem, um guerreiro veterano das guerras clônicas, que doou (literalmente) seu corpo pela causa, que se arrepende de certas decisões tomadas, que se tornou cada vez mais rigoroso e se separou dos rebeldes, decidindo lutar a sua própria luta contra Império. Mas o mais importante, ele que ama Jyn Erso como se fosse sua filha. Tudo isso sem falar das atuações e personagens de Riz Ahmed e Mads Mikkelsen, ambos igualmente excelentes em seus papéis.

Tecnicamente falando, a direção faz um ótimo trabalho em cima do excelente roteiro. A fotografia de Greig Fraser é um espetáculo à parte, seja em planetas paradisíacos como Scarif ou chuvosos como em Eadu. A utilização dos mais diversos ângulos de câmera cria planos que nos transmitem grande emoção nas cenas. A Direção de Arte faz um trabalho impecável ao nos trazer ambientações/cenários e figurinos que nos remetem diretamente à "Uma Nova Esperança" lá no já distante ano de 1977. E, por fim, a trilha sonora de Michael Giacchino é digna do selo "John Williams de aprovação".


Pontos Negativos...(Tem algum?)


Brincadeiras à parte, todo filme possui seu lado negativo, todavia em alguns, o lado positivo é tão esmagadoramente gritante que afoga esses pequenos detalhes negativos, que no caso de "Rogue One", seria o CGI. Não me entenda mal, a mistura de locações com gravações em estúdio, a captura de movimento do K-2SO e as batalhas no espaço são excelentes, apenas a utilização de computação gráfica na construção de Tarkin, da Princesa Leia e no monstro no covil de Gerrera que ficaram um pouco destoantes, mas que sinceramente, não atrapalham em nada. E bom, aquele prólogo na nave dos rebeldes é desnecessário para a trama, mas quem sou eu para falar que aquela cena do Darth Vader não precisava existir? (Melhor cena do filme cof cof!).

Sendo assim, "Rogue-One: Uma História Star Wars", possui uma trama que é clichê, contudo é executada de forma excelente, com ótimos personagens, cenas de ação, direção de arte, trilha sonora, referências, humor, drama e um final de tirar o fôlego. É, a essência de Star Wars está ali, mas de um jeito diferente e de um jeito muito bom!


Para quem só se importa com números:

Nota-10/10


Ficha técnica:

Título Original: Rogue One: A Star Wars Story

País de Origem: Estados Unidos

Roteiro: Chris Weitz, Tony Gilroy

Direção: Gareth Edwards

Duração: 134 min

Classificação: 12 anos


Elenco:

Felicity Jones como Jyn Erso

Diego Luna como Cassian Andor

Alan Tudyk como K-2SO

Donnie Yen como Chirrut Îmwe

Wen Jiang como Baze Malbus

Ben Mendelsohn como Diretor Orson Krennic

Forest Whitaker como Saw Gerrera

Riz Ahmed como Bodhi Rook

Mads Mikkelsen como Galen Erso

Jimmy Smits como Senador Bail Organa

Alistair Petrie como General Draven

Genevieve O’Reilly como Mon Mothma

James Earl Jones como Darth Vader

Guy Henry e Peter Cushing (Rosto CGI) como Grand Moff Tarkin



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