Uma história cheia de surpresas e que reúne o que o gênero de faroeste tem de melhor!
Por: Iuri Biagioni Rodrigues
Intrigas, reviravoltas, briga de bar, tiroteios, ação e uma história envolvente são elementos que compõem uma ótima história de faroeste não é mesmo? E, todos eles estão presentes em Tex: O Homem de Atlanta de Claudio Nizzi (roteiro) e Jordi Bernet (arte)!
Este quadrinho foi lançado originalmente na Itália em Tex Albo Speciale n. 10 no ano de 1996. No Brasil, a obra foi publicada pela Editora Mythos em Tex Gigante #1 no ano de 1999, depois em 2010 (reedição) e, mais recentemente, em 2016, numa edição especial de luxo e em cores (as histórias em quadrinhos de Tex, geralmente, são em preto e branco). A tradução para o português é de Júlio Schneider.
O roteirista italiano Claudio Nizzi é um maiores nomes das histórias de Tex e, aqui, ele faz parceria com o talentoso desenhista espanhol Jordi Bernet. Juntos, eles contam uma história bastante empolgante e cheia de surpresas e reviravoltas.
Nesta história, os grandes parceiros Tex Willer e Kit Carson vão a Atlanta para ajudar Johnny Butler, um ex-tenente do exército confederado, divisão existente no contexto da Guerra de Secessão (1861-1865), a provar a sua inocência. Butler salvou Tex da morte certa na areia movediça anos antes deste episódio.
Para esta missão os dois amigos terão a ajuda de Lola Dixieland, cantora de salão e noiva de Johnny Butler. Vale destacar que esta personagem foi criada por Claudi Nizzi especialmente para ser desenhada por Bernet, pois o desenhista é bastante conhecido por desenhar belas mulheres. (O espanhol também é lembrado por desenhá-las em poses sugestivas e provocantes, mas em Tex, ele precisou maneirar para atender ao estilo das aventuras do personagem).
Lola, inicialmente, parece ser uma personagem rasa e sem importância, no entanto, à medida que a trama se desenrola, vemos que ela possui grande importância para a narrativa, sendo crucial para o desfecho da trama. Esse protagonismo feminino é algo raro nas histórias de Claudi Nizzi e, portanto, é algo bastante positivo aqui. (Lembrando que a personagem é retratada de maneira sexualizada).
O roteiro de Nizzi é muito bem escrito. O autor constrói diferentes blocos de narrativas como a viagem de Tex e Carson até Atlanta, a fuga de Butler e sua busca por um criminoso chamado Shelby (que está preso usando um alterego), um ex-agente da Pinkerton que busca a soltura de Shelby e as motivações de Lola. Depois, ele amarra todas essas pequenas aventuras que possuem desfechos inesperados na história principal. O resultado é um ótimo plot twist, mudança radical na direção esperada ou prevista do enredo de uma trama, para o final desta HQ.
Além disso, durante o desenvolvimento da história, o texto de Nizzi traz situações como briga de bar, emboscadas, traições, vinganças, tiroteios, pancadaria, fuga e perseguição. Assim, temos uma história bem divertida e gostosa de ler. Os diálogos também são bem escritos e muitos deles ocorrem quando os personagens estão em movimento, contribuindo para a fluidez da narrativa.
A arte de Jordi Bernet é muito bem desenvolvida. O espanhol cria belos cenários, traz muitos detalhes para os diferentes ambientes, utiliza-se muito bem dos diferentes planos e angulações e tem grande domínio do uso de luz e sombra. Além disso, o desenho é bastante eficiente na caracterização dos personagens e nas cenas de ação. Enfim, combinam bastante com o roteiro ágil e dinâmico de Nizzi, criando uma ótima e veloz narrativa visual.
Tex O Homem de Atlanta é uma ótima história e reúne os melhores elementos do gênero de faroeste. Ela também é muito gostosa de se ler, pois ficamos imersos nela do início ao fim, perplexos com o encerramento e admirados com o competente trabalho de arte desta história do Ranger mais conhecido da nona arte. É uma HQ ideal para fãs do personagem, para quem quiser se iniciar no universo dele e para todo mundo que gosta de faroeste!
Para quem só se importa com números:
Nota = 8/10
Dados da HQ:
Roteiro: Claudio Nizzi
Arte: Jordi Bernert
Editor original: Sergio Bonelli
Editora Original: Sergio Bonelli Editore
Editora no Brasil: Mythos
Editor: Dorival Vitor Lopes
Tradução: Júlio Schneider
Letras: Marcos Valério
Páginas: 240
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