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Crítica: Táxi! Histórias passageiras

Atualizado: 17 de ago.

Uma bela homenagem aos taxistas!

Por: Iuri Biagioni Rodrigues

Táxi! Histórias passageiras

"Sou taxista, tô na rua, tô na pista/Não tô no palco/Mas no asfalto eu sou um artista/Ouço todo tipo de conversa/O tempo todo tô ligado/Só me meto, dou palpite/Dou conselho quando sou chamado/No meu carro ouço histórias/Desabafos, risos todo ano/Sou de tudo um pouco nessa vida/Eu sou um analista urbano". Esses versos são da música "O taxista", de 1994, composta por Roberto Carlos e Erasmo Carlos. Eles dialogam fortemente com "Táxi! Histórias Passageiras", HQ da holandesa Aimée de Jongh (roteiro e arte).


A obra foi lançada originalmente em 2019. No Brasil, foi publicada pela editora Conrad em 2022 com tradução de Kadu Castro. Nesta graphic novel, Aimée faz uma bela homenagem aos taxistas com base em suas experiências pessoais com esses profissionais durante suas viagens para quatro cidades distintas: Los Angeles (EUA), Paris (França), Jacarta (Indonésia) e Washington, D.C. (EUA).



A quadrinista mostra suas conversas com os taxistas que a levaram para alguns locais nessas cidades. Nesse processo, conhecemos mais sobre a autora e sobre a profissão de taxista. Aqui, vemos um pouco do dia a dia desses profissionais e como é a relação deles com os passageiros. Aimée faz isso de maneira brilhante, pois, apesar das belas ou complexas paisagens que retrata, prestamos mais atenção nas memórias e histórias dos motoristas, da mesma maneira que ela deve ter prestado quando esteve nos carros como passageira.


Ao longo do quadrinho, as cenas ambientadas nas quatro cidades mencionadas se entrelaçam e se complementam de maneira bastante inteligente. A narrativa é fluida e bastante divertida, a ponto de lermos rapidamente, de tão imersos que ficamos na história.


Durante a leitura, percebemos como os passageiros se abrem com os taxistas e vice-versa, conversando sobre vários assuntos e tentando se conhecer um pouco. Essas pessoas também buscam conhecer um pouco mais sobre as culturas e costumes uns dos outros. Assim, vemos conversas sobre trabalho, família, traumas, comidas, costumes, entre outras coisas. de Jongh constrói muito bem seus personagens e escreve ótimos diálogos.


Além disso, a autora consegue equilibrar muito bem situações dramáticas, como quando um taxista comenta sobre o trauma que teve ao presenciar um acidente, com situações bem humoradas, como quando Aimée se assusta com o taxista de Jacarta que dirige lendo jornal ou mexendo no celular em meio ao trânsito caótico e congestionado. Também há espaço para momentos de reflexão, como na conversa sobre os desafios dos taxistas frente aos novos tempos com o crescimento de empresas como o Uber, sobre o imperialismo holandês na Indonésia ou com os estereótipos que taxistas têm com o local de origem dos passageiros (e a recíproca também é verdadeira), como quando a graphic novel mostra que o famoso jogador de futebol Johan Cruyjff é a única referência que eles possuem da Holanda. Tudo isso mostra como o trecho da música citada no primeiro parágrafo é preciso.


No que diz respeito à parte iconográfica da obra, Aimée também demonstra por que é uma das melhores quadrinistas de sua geração. Seu traço em preto e branco é sutil, exuberante, dinâmico e vívido, criando assim belas páginas com uma narrativa visual cinematográfica. Ela também trabalha com maestria as expressões faciais e os sentimentos dos personagens. Além disso, de Jongh possui perfeito domínio da luz e da sombra.


Por fim, Táxi! Histórias Passageiras é um ótimo quadrinho que nos lembra como a nona arte possui uma grande variedade de temas e de como ela nos faz refletir sobre vários aspectos da nossa humanidade e da nossa vida em sociedade. E aí, que tal chamar um táxi?


Para quem só se importa com números:

Nota: 8/10


Dados da HQ:

Roteiro: Aimée de Jongh

Arte: Aimée de Jongh

Editora original: Scratch Books

Tradução: Kadu Castro

Letras: Lilian Mitsunaga

Editora no Brasil: Conrad

Nº de páginas: 96




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