Wandinha (não) é só decepção...
Por: Igor Biagioni Rodrigues
Criados em 1938 pelo cartunista Charles Addams, essa família tão peculiar e querida da cultura pop ganha mais uma adaptação, agora na série da Netflix: Wandinha. A trama da série consta na mudança de Wandinha Addams para a escola Nevermore (Nunca Mais), e as consequências disso: como romances e amizades (questões da adolescência), somados a investigação por trás dos misteriosos assassinatos que começaram a acontecer na cidade de Jericho.
O roteiro não se apega em ser mais uma série padrão high school, tendo como foco principal o mistério e suspense, utilizando do whodunit (recurso narrativo em que o assassinato de um dos personagens pertencentes à trama desencadeia uma investigação) e ainda entregando um interessante coming of age (eventos de amadurecimento de jovens em narrativas) de uma personagem intrigante, como é Wandinha Addams.
Os quatro primeiros episódios demonstram ser a parte de maior qualidade da série devido a dois fatores: a direção de Tim Burton e a atuação de Jenna Ortega. Burton utiliza de uma fotografia azulada, do uso de planos fora do comum e de primeiríssimos planos constantes nos personagens que geram uma estranheza fabulosa que permeia muito bem essa primeira metade da produção. Aqui, Jenna Ortega faz um excelente trabalho como a protagonista da série, entregando a seriedade e bizarrice de Wandinha até no olhar (acreditam que durante todos os oito episódios a personagem pisca apenas nove vezes?).
A segunda metade da série, dirigida por Gandja Monteiro e James Marshall, perde um pouco da qualidade dos episódios iniciais. Principalmente quando focam nos personagens da família Addams e seu passado na escola Nevermore, servindo como um fanservice tapa buraco para série, que não acrescenta nada de muito relevante, mesmo com a temática de conflito geracional. Sem contar que a resolução da série é morna, com uma ideia de utilizar os peregrinos como vilões sendo uma boa ideia, mas não tão bem utilizada e com uma batalha final fraca. Tudo isso tira aquela estranheza divertida dos quatro primeiros episódios. Vale ressaltar aqui que a série está sofrendo críticas devido a forma de representatividade dos personagens negros, que se resumem a valentões e a um prefeito corrupto (que fora Bianca, não possuem um desenvolvimento decente).
Wandinha é uma série divertida, nem mais nem menos. Agrada no uso do whodunit, no suspense e seu ouro se chama Jenna Ortega. A produção poderia ter uma qualidade maior em toda sua duração se tivesse sido inteiramente dirigida por Tim Burton. Espero que em uma segunda temporada, ele a dirija por completo, para que Wandinha entregue o suspense, o estranho fantástico e até o humor que Tim Burton conseguia fazer em seus filmes lá nos anos de 1990.
Para quem só se importa com números:
Nota-6/10.
Ficha técnica:
Título original: Wednesday.
País de origem: Estados Unidos.
Roteiro: Alfred Gough, Miles Millar, Kayla Alpert, April Blair e Matt Lambert.
Direção: Tim Burton, Gandja Monteiro e James Marshall.
Duração: 440 minutos (em média 48 minutos por episódio).
Classificação: 12 anos.
Elenco:
Jenna Ortega como Wandiha Addams.
Gwendoline Christie como Larissa Weems.
Riki Lindhome como Dr. Valerie Kinbott.
Jamie McShane como Xerife Donovan.
Hunter Doohan como Tyler Galpin.
Emma Myers como Enid Sinclair.
Joy Sunday como Bianca Barclay.
Catherine Zeta-Jones como Mortícia Addams.
Luiz Guzmán como Gomez Addams.
Naomi J. Ogawa como Yoko Tanaka.
Christina Ricci como Marilyn Thornhill
Percy Hynes White como Xavier Thrope.
Georgie Farmer como Ajax Petropolus.
Johnna Dias-Watson como Divina.
Oliver Watson como Kent.
Victor Dorobantu como Mãozinha.
Moosa Mostafa como Eugene Otinger.
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